Apesar de estar pronta a funcionar há cerca de ano e meio, só na passada quinta-feira, dia 12 de setembro, foi assinado o protocolo de cooperação entre a Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro, a Administração Regional de Saúde (ARS) e a Segurança Social, formalizando desta forma a entrada em funcionamento da Unidade de Cuidados Continuados (UCC) de Longa Duração.
O protocolo, assinado entre o Provedor Jorge Abrantes, o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Aveiro,Santos Sousa, e o presidente da ARS, José Tereso, marcou a inauguração da unidade, sita na Lavandeira, que tem capacidade para 28 camas, 24 das quais abrangidas pelo protocolo. As restantes quatro ficarão sob gestão e encargo da Santa Casa.
A UCC custou cerca de 2 milhões e 100 mil euros, com terreno, e já tem utentes. “Deste investimento, falta-nos pagar parte substancial”, frisou o provedor, destacando todavia que, mais importante do que falar dos obstáculos e adversidades, “importa falar do futuro”.
Jorge Abrantes lembrou as “muitas ações que se levaram a cabo para a concretização da obra” e agradeceu a todos os que colaboraram, “que dão e continuam a dar a dar de si pela defesa solidária da instituição”.
Ficar com quatro camas a cargo da instituição não era “o cenário que desejaríamos, mas aceitamos as regras definidas”, afirmou o provedor, apelando a um apoio ainda maior da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, “que nos tem ajudado, mas penso que, neste contexto, mereceremos certamente um tratamento diferente”.
Jorge Abrantes não deixaria, por outro lado, de referir a situação do Hospital de Oliveira do Bairro, propriedade da Santa Casa. “Após a saída do Centro de Saúde, aquela estrutura precisa de ser repensada, com mais especialidades e serviços que tragam benefícios reais às populações. A Santa Casa está pronta para assumir e partilhar responsabilidades.”
Palavra de gratidão a José Carlos Soares
“Esta obra reflete muito bem o trabalho de muita gente”, frisaria o autarca Mário João Oliveira, destacando o papel do ex-provedor José Carlos Soares, o grande mentor do projeto, a quem dirigiu uma “palavra de muita gratidão e apreço”, merecendo a maior ovação da tarde pelos presentes na cerimónia.
O presidente da Câmara recordou que este, “como tantos outros projetos”, mereceu o apoio da Câmara, com um subsídio de 200 mil euros, tendo 20 mil sido entregues naquela ocasião.
O Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Agostinho Branquinho, aproveitaria depois as palavras do autarca, manifestando a importância, nos tempos que correm, das parcerias, neste caso da Câmara com as instituições – “é nesse espírito que conseguimos fazer mais com menos”.
Depois de dirigir palavras de agradecimento ao Bispo de Aveiro, D. Francisco dos Santos, “pelo trabalho solidário, silencioso, que a Igreja Católica faz no nosso país, em particular neste momento tão difícil”, enalteceu também o papel da União das Misericórdias, na pessoa do presidente do Secretariado Nacional das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, ali presente, e felicitou a Misericórdia, “pela excelente equipa, que visa dar uma resposta social e de saúde muito importante”.
Terminaria reconhecendo que “não podemos continuar no desvario de gastar dinheiro que não temos”. “O Estado”, admitiu, “gasta três vezes mais na gestão destes equipamentos do que as instituições. Por isso, é de elementar justiça que tenhamos a capacidade de humildemente dizer – juntem-se a nós e, em parceria, vamos ajudar quem mais precisa”.
A cerimónia terminaria com a bênção da instituição pelo Bispo de Aveiro, que considerou a própria obra “uma bênção”, seguindo-se uma visita às instalações.
Oriana Pataco