O número de “calotes” nas Agências Funerárias, na zona da Bairrada, tem aumentado a “olhos vistos”. Todos os Agentes Funerários, exceto um, que o Jornal da Bairrada contactou, afirmaram que “a conjuntura que se vive tem agravado o não pagamento dos serviços fúnebres”. Algumas “funerárias” explicaram que o número de funerais por pagar, de 2012 até agora, em alguns casos e por agência, ronda a casa das duas dezenas. “Podíamos ter algum lucro, mas a verdade é que a deverem-nos valores nesta ordem de grandeza, muitas vezes ainda temos que meter do nosso próprio dinheiro para andarmos com o negócio para a frente”, referiu um empresário do setor fúnebre.
Já um outro agente fúnebre referiu ao JB que “2013 tem sido um ano muito mau para receber, apesar de algumas zonas geográficas se revelarem ótimas pagadoras”.
Acrescentou ainda que o facto da Segurança Social ter diminuído em perto de 50% o subsídio do funeral, tem deixado margens de lucro muito reduzidas, o que impede que os serviços sejam feitos com a qualidade desejada. Este responsável conta ainda que só os extras de um funeral podem rondar os 400 euros, como sendo o sacristão, coveiro, serviços religiosos, casa mortuária e irmandade. Ou seja, contas feitas, pouco dinheiro sobra.
Um outro agente do setor explicou ainda que “muitas vezes, a Segurança Social envia as comparticipações aos familiares e estes, em vez de pagarem os funerais, optam por utilizar aquele dinheiro no pagamento de outras dívidas, isto para não falar nos funerais sociais que não nos dão nenhuma margem de lucro”.
Funeral social. Relativamente aos funerais sociais, o preço máximo do serviço básico do funeral social é atualizado em outubro, de acordo com o valor percentual correspondente à taxa de inflação anual. Neste momento, o preço máximo praticável é de 391,50 euros. Os agentes funerários poderão, evidentemente, praticar preços inferiores.
O serviço básico de funeral social inclui: urna em madeira de pinho ou equivalente, com uma espessura mínima de 15 mm, ferragens, lençol, almofada e lenço; transporte fúnebre individual, e os serviços técnicos necessários à realização do funeral, prestados pela agência.
Os familiares do falecido têm de abdicar do velório e das celebrações religiosas, situação apontada como a principal razão para evitarem esta solução muito mais económica do que um funeral comum. Saliente-se que o funeral social tem toda a dignidade exigida ao ato, apenas não engloba os rituais que alguns consideram dispensáveis.
Impostos. Na hora da morte, nem todos ajudam nas contas, pois nos extras (coveiro, sino, irmandades, etc.) são poucos ou praticamente nenhuns, aqueles que passam recibos. O que, do ponto de vista da gestão das Agências Funerárias, ainda mais dificulta o negócio já de si a viver momentos de agonia.