Os irmãos Jorge e Beatriz Duarte, o casal João Pedro Oliveira e Marta Silva e Mário Duarte são alguns dos fundadores do grupo “Rompe Solas”, que completa este mês cinco anos de vida e com os quais JB conversou, de forma a conhecer melhor a filosofia, motivação e projetos.
É, basicamente, um grupo de amigos que, tem no pedestrianismo e no montanhismo, o principal entretenimento.
Anadienses, jovens (entre os 12 e os 46 anos) que procuram passar bons momentos em harmonia com o meio ambiente, desfrutando das belas paisagens que o país tem para oferecer. Pelo menos uma vez por mês, entre a primavera e o outono, lá vão eles, descobrir Portugal, por trilhos, no meio de montes e vales, desconhecidos da maioria da população.
Como tudo começou. O bichinho começou com João Pedro Oliveira e Marta Silva, que viveram uma experiência de uma pequena caminhada, por trilhos com cascatas, em Espanha. Gostaram tanto que, mal chegaram a Anadia, convidaram os amigos para viverem uma experiência semelhante.
O grupo começou pequeno, com quatro elementos e foi pouco a pouco crescendo, assim como a ambição de fazer trilhos cada vez mais difíceis e complexos (16, 20, 25 quilómetros), aumentando também o grau de satisfação e o prazer de os completar, apreciando paisagens que dizem ser únicas e de rara beleza, mas também desfrutando de um relaxamento, de tranquilidade e paz.
“Nunca foi nosso objetivo crescer como associação. Somos um grupo de amigos, que vai trazendo mais e novos amigos para o grupo”, revelou João Pedro Oliveira.
Nestes cinco anos, já esgotaram os trilhos na região (Águeda, Mortágua, Bussaco), o que os obriga a afastarem-se cada vez mais, implicando deslocações maiores e com mais custos.
O balanço, dizem ser excelente, pelo espírito de grupo criado, pelas descobertas que fazem nestas caminhadas, que duram horas a fio. É óbvio que quem tem preparação física aguenta melhor, mas dizem tratar-se de uma experiência acessível a todos, até porque esperam uns pelos outros e ninguém corre o risco de se perder.
Jorge Duarte confirma que, nestes cinco anos, muitas solas têm sido rompidas e que os trilhos têm permitido fazer sempre mais, tendo sempre em primeiro lugar a segurança.
“Os trilhos mais difíceis são normalmente os mais bonitos, porque nos permitem chegar a sítios de montanha fantásticos e inacessíveis, com paisagens magníficas, como também aconteceu no Gerês”, diz Marta Silva, acrescentando Beatriz Duarte que: “a experiência ensinou-nos a levarmos cordas, por exemplo, que são sempre úteis; a levar estojo de primeiros socorros. Obrigatório é o uso de calçado e roupa confortável para caminhar, muita água, alguns alimentos, bastões, protetor solar, boné, chapéus, apitos para chamar uns pelos outros, GPS, bússola, cartas militares e mapas com bons pontos de referência e muita atenção ao sol, por causa do regresso.
Aniversário em Arouca. “No dia 14 março de 2009, fizémos a primeira caminhada em Arouca. No próximo dia 22, celebramos o 5.º aniversário com uma nova caminhada em Arouca, com direito a bolo de aniversário e um Martini para brindar”, diz Jorge Duarte, que acrescenta: “Arouca possui 13 percursos pedestres, devidamente marcados. Todos os anos, para festejar o aniversário do grupo vamos lá, fazer um trilho novo”.
A JB confessam que, antes de uma saída, estuda-se a viagem, o trilho, pois alguns estão mal assinalados. “O ideal é fazer um percurso que esteja bem assinalado, com a duração, os quilómetros e o grau de dificuldade”. Mas nem sempre isso acontece. Por isso, recomendam que esta atividade seja feita em grupo e nunca sozinho, para além de se dever respeitar a sinalização existente.
Os melhores trilhos que já fizeram foram os da Serra da Estrela, mais difíceis, onde os desafios se colocam a cada passo e onde se contemplam paisagens de rara beleza, mas foi também aqui que o grupo já apanhou um valente susto, no meio de denso nevoeiro.
Outro episódio que recordam foi vivido em trilho muito difícil, devido a más marcações no terreno, associadas a condições climatéricas adversas, em Ribeira de Quelhas, perto de Castanheira de Pêra. “Esse foi o único trilho que abortámos a meio e não acabámos. Havia muito frio, nevoeiro e começamos a ter casos de hipotermia. É um trilho difícil e foi frustrante não o fazer todo”, diz João Pedro Oliveira, avançando que a segurança é sempre colocada em primeiro lugar.
Espanha pode ser o futuro. O maior sonho do grupo é poder continuar a conhecer o país. A zona centro é a que melhor conhecem. Mas, para viagens mais longas, precisam de um patrocinador que “adote” o grupo, que seria também muito útil para aventuras mais longas como Espanha, onde dizem existir trilhos fantásticos, de dificuldade extrema e muito concorridos por pedestrianistas de todo o mundo.
Quem estiver interessado em saber mais sobre o grupo ou também partilhar estas experiências, pode sempre contactar por e-mail rompesolas@gmail.com ou o site http://osrompesolas.blogspot.pt.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt