“Não acontece todos os dias e foi tudo muito rápido”, revela o sub-chefe Aurélio Duarte, dos Bombeiros Voluntários de Anadia, que ajudou, juntamente com a jovem colega Joana Pinhal, bombeira de 3.ª, no último sábado, o pequeno Simão Valentim Costa a vir ao mundo, em plena ambulância, na EN 235, na rotunda da Moita.
Nascer na ambulância. Embora o parto tenha acabado por ter sido feito pelo médico da VMER, dos Hospitais da Universidade de Coimbra, foi dentro de uma ambulância dos bombeiros anadienses que Simão resolveu nascer, pouco passava das 18h30.
O bebé, que nasceu de 41 semanas de gestação, não quis esperar pela chegada à maternidade, pregando uma partida aos pais, Carina Santos, de 33 anos e Sérgio Costa, de 35. Com 52 centímetros de comprimento e 3,600 quilogramas de peso, Simão Valentim é o segundo filho do casal, que já tem um menino de 5 anos.
O pai Sérgio Costa recorda a aflição e o susto, já que teve de fazer a chamada para o 112 quando as contrações que a esposa sentia passaram de 12 em 12 minutos para 2 em 2 minutos, num ápice. De imediato o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgente) encaminhou a chamada para o INEM dos Voluntários de Anadia, que se deslocaram para a povoação de Ferreiros – Moita. Eram 18h, e os tripulantes da ambulância só sabiam que se tratava de uma grávida que entrara em trabalho de parto. As contrações tinham um intervalo de apenas dois minutos, o que significa que haveria pouco tempo para agir. Por essa razão, o CODU solicitou o apoio à VMER de Coimbra que veio ao encontro da ambulância.
“Saímos de Ferreiros e, quando chegámos à rotunda da Moita, tive de parar. O saco das águas tinha rebentado. Tinha que iniciar o parto”, conta Aurélio Duarte, um “veterano” nestas coisas, na medida em que já ajudara outros bebés a nascer.
Quase em simultâneo, chega a VMER: “o médico só teve tempo de enfiar as luvas. Em pouco mais do que seis minutos, o Simão veio ao mundo”, diz Aurélio Duarte.
Tarde atribulada. “Não era para ser assim. Tudo se precipitou”, recorda o jovem pai Sérgio Costa que, naquela tarde, levara a esposa ao Hospital de Aveiro, onde era acompanhada.
“Entrámos no Hospital às 11h36 e saímos às 12h26. A minha esposa estava com contrações de meia em meia hora. Mas como disseram que o útero estava muito subido, voltamos para casa. Mas ainda demos uma volta por Aveiro, na expectativa que o parto acelerasse”. As contrações mantiveram-se e ao final do dia, de um momento para o outro, de 12 e 12 minutos passaram para 5 em 5 e, logo em seguida, para serem de 2 em 2 minutos.
Experiência única e inesquecível. “Não queríamos, nem estava previsto que fosse assim. Louvo a postura e o papel determinado, confiante e seguro na forma de agir do bombeiro Aurélio Duarte”, diz Sérgio Costa.
Mãe e filho foram transportados para a Maternidade Daniel de Matos, em Coimbra, de onde tiveram alta na última terça-feira.
“Por mais anos que passem, é sempre uma emoção e alegria ver nascer um bebé”, diz Aurélio Duarte que, pela terceira vez, se viu envolvido no nascimento de uma criança.
Para a sua colega Joana Pinhal, voluntária ainda há poucos anos, foi “uma experiência única e inesquecível”.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt