A 6.ª edição do Festival Internacional VW-AR da Bairrada realiza-se no domingo, dia 22 de junho, Dia Mundial do Carocha.
Numa organização da Associação dos Carochas e Pão de Forma da Bairrada, a edição de 2014 acontece no segundo dia da Feira da Vinha e do Vinho de Anadia.
Com realização bianual, são esperados cerca de uma centena de participantes, provenientes de vários pontos do país.
Fernando Reis e Pedro Valente, da organização, admitem que “nos tempos atuais, atingir uma centena de participantes é muito bom”, na medida em que, mesmo para os maiores entusiastas, este tipo de iniciativas fica dispendioso se forem feitas contas aos gastos com as deslocações, consumo de combustível e portagens. “Por isso, as pessoas não saem tanto. Mantêm as viaturas, mas fazem menos e mais curtas deslocações”, adiantam.
“Receber bem é nosso apanágio”, dizem, mas confessam que à boa maneira portuguesa, as inscrições e confirmações acontecem só mais perto da realização do evento que esperam se paute de novo pelo salutar convívio entre todos os participantes que poderá, uma vez mais, incluir participantes espanhóis.
Assim, o espaço contíguo à Junta de Freguesia de Sangalhos é o ponto escolhido para a concentração; segue-se um breve passeio pelo concelho, na distância de cerca de 25 quilómetros. Este ano, a paragem poderá acontecer no Museu do Vinho Bairrada, em Anadia. O almoço será num restaurante do concelho, localizado no IC 2 (EN 1), em Aguim e a tarde será passada à volta de jogos tradicionais.
Carolice e paixão. A Associação, com sede nas antigas Escolas Primárias da Fogueira, sobrevive da carolice dos seus cerca de 50 associados que, ao longo do ano, se desdobram em iniciativas: convívios, festas e karaokes para angariar fundos que permitam levar por diante esta “paixão”, que dizem ser “para toda a vida”, porque ela é “uma forma de estar na vida”.
Acérrimos defensores das carrinhas “pão de forma”, que consideram emblemáticas e míticas, por serem mais raras e difíceis de encontrar, mantêm a recuperação de antigas viaturas numa oficina localizada na freguesia. “Por ano, é feita a reabilitação de uma viatura. Neste momento, está a ser recuperada na oficina da associação, uma carrinha pão de forma da década de 70, que no final do ano estará como nova, pronta a sair para a rua com uma nova roupagem e vida.
Fernando Reis recorda que o grupo de Sangalhos foi dos primeiros a sair para passeios e concentrações com carrinhas pão de forma, recuperadas e que eram sempre muito apreciadas: “carochas havia muitos, mas carrinhas já não”. E porque estas viaturas são para os proprietários como “membro da família”, todo o processo entre a compra e a recuperação de um pão de forma tem de ser meticulosamente pensado. Por isso, ao longo dos últimos anos, a associação foi responsável pelo restauro de algumas carrinhas, graças ao trabalho voluntário, ao know-how dos sócios, e à carolice de todos. Um trabalho moroso e meticuloso que, como qualquer paixão, exige muita dedicação e espírito de sacrifício.
Evitam falar do futuro, porque o que importa “é viver o momento”, contudo admitem que, apesar dos tempos difíceis, da falta de apoios, o grupo se mantém unido, assegurando a sobrevivência da associação, que passa pelo alargamento do número de associados.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt