Os 121 funcionários do Hospital José Luciano de Castro, em Anadia, estão a ser contactados, um a um, pelo Conselho de Administração do Hospital, para aferir quem quer ficar ou sair desta unidade hospitalar, que vai passar para as mãos do Grupo Misericórdias Saúde (GMS) da União das Misericórdias Portuguesas (UMP).
Na última semana, foi entregue a cada um dos trabalhadores, um ofício a informar que, até ao próximo dia 18 de agosto, todos aqueles que pretendam sair por mobilidade interna e voluntária para outro organismo do Sistema Nacional de Saúde (SNS) deverão informar o Conselho de Administração, indicando três lugares (por ordem de preferência) para onde querem ir.
Mobilidade voluntária. Maria João Passão, administradora do Hospital, confirma que o processo está a ser pacífico, num contacto franco e personalizado com todos os trabalhadores: “Sublinho que isto não é uma mobilidade obrigatória mas sim voluntária e que a vontade do funcionário prevalece sempre, seja ela qual for” e acrescenta que a Administração Regional de Saúde do Centro (ARS Centro) tem em mãos, há mais de um ano, um conjunto de cerca de 30 pedidos de mobilidade desta unidade hospitalar. “Dada a elevada necessidade de recursos humanos na ARS Centro, face aos vários pedidos de mobilidade (funcionários que se querem aproximar das suas áreas de residência), foi decidido avançar agora com esta primeira fase para analisar e aceitar esses pedidos”, acrescentou, admitindo também que o facto do Hospital estar para passar para a UMP também pesou nesta decisão.
Ciente de que existe, neste momento, excesso de pessoal no Hospital, Maria João Passão aplaude a disponibilização pela ARS Centro de uma lista com 359 vagas, às quais as pessoas se podem candidatar. “São cerca de 360 vagas para os três hospitais – Anadia, Cantanhede e Ovar – que vão ser entregues à UMP, mas o pessoal de Anadia é o primeiro a escolher. Isso é um facto muito positivo.”
Excesso de funcionários.Admitindo que, no futuro, não serão necessários mais do que 80 funcionários dos 121 atuais, é praticamente certo que 41 podem optar pela mobilidade dentro da ARS Centro, que integra a área compreendida entre o Baixo Vouga e o Baixo Mondego. Todavia, JB sabe que numa segunda fase, os funcionários que não quiserem ir embora poderão ficar segundo três critérios de desempate: maior antiguidade na carreira, maior proximidade de residência ao novo posto de trabalho e melhor avaliação no último ano.
José Dias, do Sindicato da Função Pública do Centro, avançou que o Sindicato pretende que sejam salvaguardados todos os postos de trabalho. Contudo, não deixa de lamentar que o Ministério da Saúde tenha deliberadamente esperado pelos meses de férias para fazer estas mudanças: “Aproveitam que metade do pessoal está de férias e assim não há grande alarido, já que os funcionários não falam tanto uns com os outros”.
Refira-se também que esta unidade hospitalar integra um pacote de hospitais que o Ministério da Saúde pretende devolver às Misericórdias. Hospitais que foram “nacionalizados” no pós 25 de Abril de 1974, mas que agora regressa às mãos do Grupo Misericórdias Saúde (GMS), da União das Misericórdias Portuguesas.
Sendo mais que certa a saída da esfera do setor público para o setor das misericórdias, o Hospital José Luciano de Castro, em 2012, operou 863 pessoas, enquanto que, em 2011, tinham sido objeto de cirurgia 773 pessoas, traduzindo-se num aumento significativo de cirurgias em relação ao ano anterior. Esta unidade hospitalar integra ainda uma unidade de cuidados continuados, com 20 camas e apresentou, no final de 2012, um resultado líquido positivo.
Apesar das tentativas de contacto, não foi possível obter uma reação, nem da UMP nem da ARS-Centro.
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