Entrevista a Nuno Canilho, da direção da Associação de Carnaval da Bairrada, na edição de 5 de fevereiro de 2015 do Jornal da Bairrada.
O que podemos contar para a edição do Carnaval deste ano?
Temos um Carnaval que foi repensado, de maneira a manter os aspetos que melhor o defendiam e representavam e a mudar o que de menos bom tinha. Teremos, por isso, um desfile luso-brasileiro de grande qualidade. Teremos um programa infantil, um cartaz de animação noturna de grande qualidade, e algumas experiências, que esperemos possam ser bem aceites pelo público, como o Desfile Trapalhão pelas ruas do centro histórico da Mealhada, entre muitas outras.
Um Carnaval na Mealhada sem rei brasileiro foi uma decisão fácil de tomar?
Não ter um rei ator brasileiro já era uma hipótese pelo menos desde que nos candidatámos e vencemos as eleições para a ACB, em junho. Por isso, não foi difícil chegar a essa opção, esgotados todos os esforços para encontrarmos um rei que preenchesse o perfil definido.
Efetivamente, o Carnaval da Mealhada teve um rei brasileiro de 1978 a 2014 – com a exceção de 2007, onde esteve um ator português a trabalhar no Brasil –, mas o primeiro Carnaval luso-brasileiro da Bairrada, em 1971, e os seguintes não tiveram ator brasileiro. Daí que se coloque a questão: O que é a tradição? O que se fez nos primórdios ou que se acabou por se prolongar ao longo do tempo?
Fazer regressar o Carnaval à sua essência popular é algo que persegue esta associação?
O Carnaval da Mealhada nunca deixou de ter uma essência popular. É um Carnaval muito popular e nele participam muitas centenas de jovens de toda a região. O objetivo da ACB é, antes de mais, reconciliar o Carnaval com a população, procurando que todos percebam o trabalho de grande qualidade artística que é feito nas escolas de samba e na construção do espetáculo. Trata-se infelizmente de arte efémera e essa é a nossa principal dificuldade.
Que melhorias vai ter o recinto?
O percurso do desfile luso-brasileiro vai ser mais curto, isso vai fazer com que toda a espetacularidade de cada escola de samba tenha muito mais coesão, um efeito mais denso e, acima de tudo, muito mais intensidade.
Quatro escolas é um número suficiente?
A qualidade do espetáculo não depende do número de escolas. Depende de muitas coisas, mas não do número de escolas. Assim tenham elas figurantes suficientes para lhe dar corpo, para apresentarem um enredo coerente, com beleza e arte. O nosso desejo é que as escolas sejam cada vez maiores e melhores, não faremos nada para que sejam mais.
Esta edição, que marca o primeiro Carnaval da nova direção, acaba por ser um grande laboratório em termos de evento, com novas experiências. O futuro imediato do Carnaval depende da aceitação destas novidades?
Esta equipa preocupou-se em repensar o evento porque o leva muito a sério. É esse o nosso mote de candidatura. Isso faz com que tenhamos de avaliar o que foi feito e experimentado e daí tirar conclusões para o futuro. O resultado de aspetos como o desfile trapalhão, o tamanho do percurso do corso luso-brasileiro, o cartaz da animação noturna, o programa infantil, ou mesmo o protocolo com a Câmara da Mealhada e a forma de trabalhar através de protocolo com as escolas de samba será efetivamente analisado e é muito relevante para o futuro, especialmente para o Carnaval de 2016.
Quantos espetadores aguardam? Qual a bitola de êxito para a ACB a este nível?
Esperamos cerca de 10 mil pessoas nos dois desfiles luso-brasileiros. Acreditamos que no evento total, com oito noites de animação noturna incluídas, possam estar entre 25 a 30 mil pessoas.
Entrevista conduzida por João Paulo Teles, integrada no Especial Carnaval da Mealhada, edição de 5 fevereiro 2015 do JB