O caso já fez correr muita tinta mas vai continuar a fazer correr mais alguma. A Quercus acaba de recorrer para o Tribunal Constitucional, depois de conhecer o acórdão proferido pelo Tribunal da Relação do Porto, que deu a reclamação apresentada por aquela associação como “votada ao insucesso”. Os juízes que compõem este Tribunal julgaram “improcedente a reclamação para a Conferência, apresentada pela assistente” (Quercus). Contudo, Luísa Vasconcellos, advogada da Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) avançou a JB ter já a Quercus, no passado dia 11 de março, interposto recurso do acórdão para o Tribunal Constitucional, escusando-se, nesta altura, a fazer mais qualquer declaração.
Mas se a Quercus recorre para uma instância superior, também o ex-presidente e atual vereador da Câmara Municipal de Anadia está cada vez mais determinado em agir judicialmente contra a Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza).
O caso da alegada poluição na zona do Vale de Salgueiro (Arcos/Anadia) já se arrasta desde 2005, opondo a Quercus a Litério Marques, então presidente da autarquia anadiense.
Autarca não se conforma. “Logo que este processo seja encerrado vou, dentro dos direitos que a lei me confere solicitar, em sede própria, a responsabilização de todas estas atitudes, quer por parte da Quercus, quer dos seus assistentes”, diz Litério Marques.
Recorde-se que já em fevereiro passado este mesmo Tribunal havia rejeitado um recurso apresentado por aquela associação contra o ex-autarca de Anadia.
Na altura, a decisão sumária proferida pelo Tribunal da Relação do Porto rejeitara o recurso apresentado pela Quercus, que pretendia ver revogada a sentença (processo crime) que absolveu, no Tribunal de Anadia, Litério Marques da prática de um crime de poluição, em terrenos localizados em Vale Salgueiro (Arcos). Por isso, a Quercus apresentou uma reclamação para a Conferência.
Relativamente à decisão agora conhecida, Litério Marques diz mesmo que “nem poderia ser outra”, já que no seu entender “a Quercus colocou em causa uma decisão do Tribunal quando ela era clara. Eles têm perdido todos os processos e não desistem”.
O atual vereador da autarquia de Anadia recorda que “o Tribunal, perante os dados apresentados, não hesitou em ilibar-me”, lamentando que esta associação “possa recorrer até onde e quando quiser, enquanto tiver à sua disposição uma lei que a protege – ao abrigo do estatuto de utilidade pública, sem fins lucrativos – no sentido desta nunca ser responsabilizada para pagar custas de tribunal”.
Satisfeito com a decisão, diz que “a justiça esteve muito bem, e procurou, de uma forma intensa apurar toda a verdade dos factos, conforme consta da decisão”. Por isso, admite agir judicialmente contra a Quercus e volta a dizer não se recordar, enquanto presidente de Câmara que “alguma câmara municipal vizinha tenha sido alvo de tantos processos interpostos pela Quercus como foi Anadia”, numa clara alusão a outras ações movidas pela Quercus contra a Câmara Municipal.
Recorde-se que o Tribunal de Anadia absolveu, em julho de 2014, Litério Marques de um crime de poluição, no âmbito de uma ação movida pela Quercus, relacionado com intervenções realizadas pela Câmara Municipal, em 2005, em cerca de 21 hectares de terrenos localizados em Vale Salgueiro.
Catarina Cerca