Este poderá ser um ano histórico para a Bairrada. Com a vindima a decorrer em força em toda a região, a perspetiva é que a colheita de 2015 seja bastante generosa e de excelente qualidade.
Apesar de algumas vinhas, pontualmente, acusarem algum stress hídrico, devido ao período de seca que o país atravessa, a verdade é que por estes dias e até meados de outubro, a azáfama é grande, um pouco por toda a região.
Caves, adegas cooperativas e produtores (ver páginas 24 e 25) andam num verdadeiro corrupio, entre vinhas e adegas, a vindimar aquela que será uma das melhores colheitas dos últimos anos. Esta é para já a opinião dos vários contactados.
Muitos já começaram a vindimar no passado mês de agosto, mas o grosso aposta forte nos meses de setembro e outubro para retirar os cachos da terra.
Embora se perspetive um ano de excelente qualidade, é a quantidade que surpreende.
Ao contrário do que aconteceu nos dois últimos ano, o aumento na produção é significativo. Todavia, as condições climatéricas que se fizerem sentir nas próximas semanas serão determinantes para os vinhos tintos, sobretudo para a casta emblemática da região – a Baga, cuja maturação não está terminada.
Por estes dias, enólogos e técnicos de vitivinicultura passam horas nas vinhas para escolher os melhores timings para vindimar cada uma das castas com a maior precisão possível.
É o que se chama de vindima cirúrgica, já que os vindimadores regressam, por vezes, mais do que uma vez à mesma vinha.
Por isso, já se vindima em força e por todo o lado e os tratores fazem o corrupio habitual das vinhas para as adegas.
Também S. Pedro não poderia ter sido mais generoso e, ao contrário do ano passado, a colheita de 2015 não regista tantas pragas ou doenças como as que atingiram as vinhas da região em 2014. Os ataques de míldio e oídio foram muito menores.
O tempo quente e seco, mas com amplitudes térmicas elevadas (noites frias e húmidas) estão a permitir uma colheita de quantidade e de muito boa qualidade, a roçar a excelência.
Com um incremento de 15% no volume de produção, persiste apenas a incógnita do fator meteorológico que poderá afetar, sobretudo as castas tintas, as últimas a serem vindimadas.
Em matéria de brancos e rosados, a colheita não poderia ser melhor, prevendo-se vinhos de excelente qualidade.
Ao Jornal da Bairrada, José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada (CVB) está confiante em relação a esta colheita. Por isso, as melhores expetativas, já que destaca ser esperado um incremento em cerca de 15% no volume de uvas produzidas.
Um aumento que permite ainda prever que 2015 seja um ótimo ano, tanto para os vinhos brancos, como para os tintos. “Nos brancos será um ótimo ano e nos tintos temos que aguardar um pouco mais, mas a expetativa é muito elevada.”
Um ano, de certa forma atípico – relativamente quente e seco – que contribuiu para que tenha havido poucas pragas e doenças a atacar as vinhas.
Ainda que haja quem na Bairrada defenda que, de uma forma cíclica, existam anos fantásticos para a produção, a verdade é que as condições climatéricas foram muito generosas para a região: tempo quente e seco, mas com noites e manhãs frias, com humidade suficiente para que as videiras não entrassem em stress hídrico, e produzindo uma maior quantidade de uvas.
“Apenas alguma falta de água durante o mês de julho, que poderia ter antecipado um pouco a vindima e melhorado a forma como decorreu o natural ciclo vegetativo da planta”, diz.
Pedro Soares destaca ainda que tem havido por parte dos produtores bairradinos uma maior aposta/interesse na certificação, ainda que não tenha a CVB atingido o número desejado: “mas tem havido maior cuidado”, até porque a CVB tem procurado, acima de tudo, melhorar a promoção e os serviços prestados. Entendemos que são dois vetores essenciais.”
Acrescente-se ainda que, segundo este responsável, os mais recentes prémios conquistados pelos vinhos da região demonstram que a Bairrada aposta cada vez mais na qualidade. Prémios que o presidente da CVB entende serem “importantes para o reconhecimento publico da Região e dos produtores, mas a aposta na qualidade já existe há muito.
Catarina Cerca
catarina.i.cerca@jb.pt