Quatro candidatos, um dos quais excluído de início, numa eleição que viria a ditar um vencedor, Paulo Pimentel. Resultado que a Direção Geral da Administração Escolar (DGAE) não homologou, por “ausência de requisito habilitacional” do candidato. Repetida, agora a dois, do escrutínio resultou um vencedor improvável, mas anunciado: João Queirós Pinto é o novo diretor da EAPDR – Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
O sucessor de Fernando Santos garantiu oito dos 14 votos em disputa, no confronto direto com Filomena Martins, que agora regressa à presidência do Conselho Geral da escola. Diz que ganhou “para evitar a vitória da outra concorrente”, tendo afirmado, a uma rádio local, que foi eleito “porque do mal, o menos”.
Natural de Amarante, 60 anos, tem “duas décadas de experiência” em cargos diretivos, admite estar “motivado” para enfrentar este desafio, e mostra-se conhecedor da situação [financeira], em que se encontra a EPADR. Mas diz-se de algum modo desgostado com a forma como os processos concursais se desenrolam, e a alegada influência que as autarquias têm nos atos eleitorais.
“Quando o ensino passar para o domínio das câmaras, ainda vai ser pior”, reconheceu Queirós Pinto, convicto de que, a acontecer, “só vão ser eleitos diretores que têm a mesma cor política de quem lá está”.
Nada que Filomena Martins também não tivesse pensado, ao ser derrotada, no primeiro sufrágio, por Paulo Pimentel, candidato que, admite agora, ter sido “lançado e apoiado” pelo poder político. Segundo declarou, [Paulo Pimentel] tem acompanhado a vida política, e não só, e fez parte do NEVA e do conselho fiscal da Caixa Agrícola. Para além de presidir à comissão de proteção de crianças e jovens (CPCJ) de Vagos, “numa lista proposta pelo atual presidente da câmara”, sinalizou Filomena Martins.
Falsidades e contradições. “Tudo falsidades”, respondeu Paulo Pimentel, alegando que não se revê nas declarações da professora Filomena, em particular no que diz respeito à CPCJ, órgão para o qual foi eleito em maio de 2007, quando integrava a comissão restrita em representação do Ministério da Educação. Garantindo que nunca foi militante de “nenhum partido” admite, no entanto, que gostaria de exercer o cargo de diretor da EPADR.
Também o presidente da câmara de Vagos, reagiu às declarações de Filomena Martins e João Queirós Pinto, considerando ser necessário “desmistificar a alegada politização” do processo eleitoral. Para Silvério Regalado, “a votação é secreta, e a câmara tem 3 dos 15 votos no conselho geral”, Em declarações à Vagos FM, aquele autarca revelou que a câmara requereu “adiar” o novo ato eleitoral, porque queria esclarecer “questões relativas ao processo concursal junto da DGAE”, o que não aconteceu.
Quanto à alegada relação de “consonância”, entre as escolas e a câmara, o edil de Vagos considera que sempre houve uma [excelente] relação entre a autarquia e as administrações escolares. E admite mesmo, que “a transferência de competências é natural e até favorável”.
Eduardo Jaques
Colaborador