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Anadia // Avelãs de Cima  

Cêrca- S.Pedro: “Livro das Sátiras” enriquece aniversário da ACR

A apresentação pública do “Livro das Sátiras”, de Armando Pereira, ex-autarca de Avelãs de Cima, enriqueceu a comemoração do 36.º aniversário da Associação Cultural e Recreativa da Cêrca-S. Pedro.
Um evento que reuniu cerca de centena e meia de sócios e amigos e que, durante toda a tarde, foi abrilhantado pela magnífica atuação do grupo InCantus – Tocares e Cantares da Freguesia de Avelãs de Cima.
Em dia de festa, Eugénia Veiga, presidente da ACR da Cêrca – S.Pedro, realçaria o facto deste 36.º aniversário integrar o lançamento de mais um livro (o quarto) de Armando Pereira, por este considerar ser aquela a sua segunda terra, por isso escolheu esta associação para acolher a apresentação de mais uma obra da sua autoria.

Associação dinâmica. Eugénia Veiga aproveitou ainda a presença de tantos amigos para recordar (sobretudo aos mais jovens) o percurso desta associação que nasceu de um sonho.
“A 30 de abril de 1980 era assinada a escritura em Albergaria-a-Velha”, disse, destacando que o nascimento desta associação visou, em primeiro lugar, ocupar de forma salutar os tempos livres e as tardes de domingo dos jovens da terra, na época sem eventos ou locais para conviverem.
Recordou como o filho da terra, António Melo – professor doutor da Universidade Católica Portuguesa de Braga – teve um papel preponderante no nascimento da associação, sendo o sócio número 1.
Uma associação que começou por se dedicar ao desporto (em 2004 teve lugar a construção do polidesportivo; em 2007 tinha início a Escolinha de Minibasquete), desenvolvendo-se com mais força a área cultural mais recentemente.
Como tantas outras, passou por altos e baixos mas está de pedra e cal, ao evidenciar a união e a presença de tantos sócios.
“Cada um de vocês é um presente para a associação”, diria Eugénia Veiga, sublinhando o apoio da Câmara Municipal de Anadia, através da plataforma Sentir Anadia.

Donativo de 4.500 euros para o InCantus. E a propósito do InCantus, da qual faz parte, Eugénia Veiga revelou e agradeceu o generoso donativo de 4.500 euros, oferecido pelo filho de Armando Pereira, radicado na Venezuela que, juntamente com a esposa, disponibilizou aquele montante para que o InCantus pudesse comprar um equipamento de som.
De resto, o grupo que animou a tarde foi, ao longo da sessão, interpretando poemas de Armando Pereira: Há sopa na panela; Quadras soltas; Fonte na Aldeia e Canção do Abraço.
Temas inéditos interpretados com grande classe por este jovem grupo que tem a particularidade de aliar os poemas escritos exclusivamente pelas poetisas e poeta da freguesia, com livros editados – Vanda Paz (a viver agora em Lisboa), Armando Pereira e Belarmina Martins (já falecida) – aos arranjos musicais, todos originais, produzidos para o grupo pelo seu diretor musical, Fernando Guerreiro.

Autor feliz e emocionado. Na ocasião, o ex-autarca da freguesia de Avelãs de Cima confidenciou-nos ter mais duas obras para editar e outras tantas na forja.
Emocionado, agradeceu a presença de tantos amigos que, uma vez mais, quiseram partilhar com o autor este momento tão marcante da sua vida.

Poesia inspirada nas experiências da vida. Caberia ao professor doutor António Melo, docente na Universidade Católica Portuguesa de Braga, ali presente com a sua família, apresentar a mais recente obra de Armando Pereira.
Ele que também é um filho da terra e sócio n.º 1 desta coletividade, referiu que o autor, neste seu Livro das Sátiras, trata do ser humano enquanto tal, nas suas mais variadas manifestações. Por isso, os temas são variados e abrangentes. Contudo, realçou que “também aqui encontramos versos que refletem uma ligação íntima ao espiritual, ao sagrado, o mesmo é dizer, ao divino. Alusões bem carregadas desta matriz rural, numa expressão muito característica”.
António Melo realçou ainda que a obra apresenta “uma poesia em tom otimista, que aponta para um ideal de perfeição! Daí a ironia com os pequenos defeitos, numa tentativa de corrigir comportamentos desviantes! A que os políticos, os jovens e a própria justiça não escapam.”
Mas como todos conhecem Armando Pereira, naturalmente que nesta sua obra não poderia faltar, ou ser celebrado “o Amor e a beleza feminina.”
Aos presentes que o ouviam atentamente, sublinhou que o Livro das Sátiras apresenta “uma poesia com acentuado caráter didático, isto é, própria para instruir”.
Uma obra que trata do ser humano (Homem e Mulher), da vida real do quotidiano, da mundividência humana de todos os dias: a Família, o amor, o matrimónio, a faina agrícola, a política, o patriotismo, a guerra, a finitude da vida.
“Uma poesia inspirada pelas mais variadas experiências acumuladas ao longo de uma vida, as quais vão sendo registadas na sua memória individual. Aos poucos se vão moldando, hábitos, atitudes, valores”, frisou.
Na ocasião, Manuel Veiga, autarca de Avelãs de Cima, comovido por ser também um filho da terra e do associativismo, salientou a força e pujança desta coletividade que, tal como outras existentes na freguesia, “estão fortes, dinâmicas e a trabalhar”. Por isso, defendeu que o “associativismo está de parabéns na freguesia”, já que envolve grande parte da população, não deixando de destacar a importância que o seu executivo dá à cultura, uma área em relação à qual tem vindo a dar grande apoio.

“Um poeta que o terá sido toda a vida”. A terminar, a edil anadiense Teresa Cardoso sublinharia a tarde muito rica, do ponto de vista cultural, proporcionada pela ACR, assim como reconheceu que, depois da brilhante apresentação feita por António Melo, todos saíam dali com a curiosidade despertada para ler a obra.
“Para mim é um privilégio ter privado com o Armando Pereira por mais de 30 anos e em diferentes ocasiões”, diria, na medida em que enquanto vereadora e técnica da autarquia, trabalhou de perto com os então presidentes de Juntas de Freguesia. Uma amizade que se foi consolidando: “e que nos abriu a porta da sua casa, apresentou a sua família e honrou com a sua amizade”, destacou.
“Um poeta que o terá sido toda a vida, mas que não tinha tido ainda oportunidade de partilhar os seus poemas”, onde transmite “o amor à família, ao trabalho e à vida”.
A terminar, Teresa Cardoso mostrou-se muito agradada com a juventude presente na vida desta associação, mas também todo o trabalho e empenho na dinamização da parte desportiva e cultural, razão que tem levado o executivo a premiar o trabalho que cada associação vai realizando.
Catarina Cerca