Quem foi que disse, na noite das autárquicas, que a vitória esmagadora de Silvério Regalado, 38 anos, acabaria por levar à “social democratização” do concelho de Vagos?
Sabia-se que a candidatura do PSD era forte e bem estruturada, e que não teria, porventura, alternativa “credível” que lhe fizesse frente, como de resto veio a acontecer.
Assente numa política de grande proximidade, que projetava a imagem e a marca de Vagos para fora das fronteiras naturais do município, Silvério Regalado, que também queria “fazer de Vagos um sítio ainda melhor”, tinha, ainda que contestados pelos seus opositores, alguns “investimentos” de vulto para apresentar.
Depois havia a questão do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) – uma espécie de resgate às câmaras endividadas, que tinha sido aprovado em 2012 pelo governo do PSD/CDS, e imposto por orientação da troika. Pois bem: Vagos cumpriu, no final de 2016, os limites da dívida a que estava obrigada e foi um dos 57 municípios que saíram do PAEL. Fora reduzida em cerca de cinco milhões de euros, e mantinha as taxas mais reduzidas nos impostos municipais.
Dois trunfos, entre outros, que o recandidato do PSD viria a explorar, de forma expedita, nas sessões de esclarecimento, durante a campanha eleitoral. Silvério Regalado, que ao contrário do seu antecessor, Rui Cruz, tinha optado por não mexer no “plantel” (diria mesmo que “equipa que ganha não se mexe”), chegou a defender que “o concelho de Vagos não tem condições de trocar o certo pelo incerto.”
Um resultado “histórico”, com uma votação a rondar os 70 por cento (68,60% – 8.181 votos), comentava-se na sede da campanha do PSD, onde o “novo” presidente da câmara haveria de chegar, cerca das dez da noite, acompanhado por alguns dos seus mais diretos colaboradores. “Foi uma vitória clara, e uma enorme responsabilidade que o concelho atribui a mim e à minha equipa”, considerou, satisfeito, Silvério Regalado, ao saber que o CDS-PP, seu principal rival, iria perder quase dos mil votos.