A comemorar 30 anos de vida, mas já a pensar no mercado para as próximas três décadas, a Kiwicoop – Cooperativa Frutícola da Bairrada, soube adaptar-se aos desafios do mercado, estimulando os seus produtores para novos projetos, apostando forte na inovação e na sustentabilidade ambiental.
Hoje, com os olhos postos no futuro e com o presente bem definido, esta organização de produtores prepara-se para dar importantes passos no setor, com o início da comercialização das variedades de kiwi amarelo, kiwi baby e kiwi vermelho, reforçando, igualmente, a aposta noutros frutos como o maracujá e o limão.
A Kiwicoop trabalhou em 2016 um documento importantíssimo para o seu futuro a médio prazo. Com a ajuda dos profissionais da cooperativa, elaborou o Plano Estratégico 2017/2022, onde estão equacionados e trabalhados todos os desafios e oportunidades da Kiwicoop. É com base neste documento que esta organização elabora os Planos de Atividades anuais.
“É aquele documento que aponta o caminho a seguir em relação ao kiwi e outras variedades a trabalhar”, diz José Carlos Soares, adminstrador da Kiwicoop, apontando que o mesmo, através de “muitas variáveis envolvidas, com todas as ameaças e oportunidades equacionadas, leva-nos para uma meta auspiciosa, que em última instância, tem por objetivo uma duplicação do valor de faturação anual”.
Com os festejos dos 30 anos, assinalados no passado dia 22 de julho, com o envio de mensagens de parabéns e obrigado a todos os sócios e colaboradores da cooperativa, a Kiwicoop prevê assinalar de outra forma, em setembro/outubro, com uma série de ações para os sócios, colaboradores e demais pessoas ou instituições que apoiaram e ajudaram nos objetivos.
Novidades absolutas este ano. José Carlos Soares aponta a Cooperativa como “a fórmula feliz e inteligente encontrada pelos sócios fundadores, para realizar os trabalhos complementares à sua produção de kiwis”. E a inovação não tem parado, até porque a Kiwicoop vai iniciar este ano a comercialização das variedades de kiwi amarelo, do kiwi baby e do kiwi vermelho.
Tudo isto enquanto se reforça a comercialização de maracujá. “Porque podemos responder de forma positiva a um novo lote de produtores (que podem ou não vir a ser associados)”, diz o administrador, destacando que a Kiwicoop tem condições técnicas de acompanhamento, com algum conhecimento e práticas adquiridas neste fruto.
Outras frutas poderão seguir este exemplo, nomeadamente o limão, onde há já alguns sócios a trabalhar. “Vamos sempre fazer as coisas com calma e de forma segura”, garante.
Para José Carlos Soares, a Kiwicoop é hoje “uma organização agrícola inconformada, com tudo o que de bom essa expressão encerra”. Com preocupações ao nível da sustentabilidade ambiental, transmitida aos seus kiwicultores. Esses “procuram constantemente as técnicas e os produtos amigos do ambiente”e “procuram manter os pomares limpos através de maquinaria de corte de ervas, em detrimento de produtos químicos”.
A Kiwicoop possui várias certificações, que lhe garantem um trabalho de qualidade e produtos com certificações em diversos âmbitos (qualidade, garantia, ambientais, sociais, etc.). Quanto à inovação, “é uma aposta forte que temos vindo a fazer, juntamente com alguns sócios da Kiwicoop; melhoramento de técnicas produtivas, experimentações de novos produtos, de novas variedades de kiwis”, refere o administrador.
Dimensão e história
No início de 2015, o número de associados era de 200, hoje são mais de 350. A área geográfica de atuação vai desde Leiria / Marinha Grande até ao Rio Douro. Neste momento, existem mais de 800 hectares de pomares, plantados ou a plantar. A capacidade de frio é de cerca de 10.000 toneladas. Quando todos os novos pomares estiverem a produzir, haverá dificuldade em acondicionar toda a fruta, daí que a Kiwicoop decidiu parar, para já, com a produção do kiwi verde (tradicional) e optado por fomentar as variedades de amarelo e vermelho.
A Cooperativa reconhece que é necessário apostar mais na capacidade produtiva, estando a resolver esta questão com investimentos faseados, por isso “está numa fase de crescimento controlado, quer em termos de instalações, mas também de recursos humanos, onde pretendemos capacitar os diversos setores com recursos preparados para os desafios que lhes são colocados todos os dias”, diz o administrador.
José Carlos Soares lembra que a Kiwicoop nasceu do sonho de pouco mais de meia centena de kiwicultores da Bairrada, que logo perceberam a única forma de conseguir enfrentar o mercado, ou seja, “criar do lado da produção uma organização forte e que defendesse os seus legítimos interesses”.
No início da década de 90 do século passado, a Kiwicoop construiu uma central com capacidade para armazenar 3.500 toneladas de kiwis. Em 1992/93 há uma grande produção de kiwis em Itália, que fragiliza ainda mais a débil estrutura da cooperativa. Os anos seguintes foram muito complicados, com alguns dos sócios a terem de injetar muito dinheiro para levar por diante o projeto. Acontece a internacionalização da comercialização.
Segundo o administrador, a partir de 1995 dá-se a inversão, com uma aposta forte na comercialização de fruta dos sócios e outros produtores do norte de Portugal, e segue-se a consolidação do projeto. No ano 2000 incentiva-se a plantação de 100 ha de pomares novos, que nos anos seguintes se veio a ultrapassar.
Em 2007 foi substituída a calibradora existente pela atual, e também foi aumentada a capacidade da central para 5.000 toneladas.
Em 2015 foi executado o aumento da capacidade de frio para cerca de 10.000 toneladas, a montagem de uma pré-calibradora, e ainda foi implementado um projeto de racionalização de energia.
Atualmente, a Kiwicoop está a modernizar, de forma faseada, a automatização de todo o setor produtivo, “fundamental para responder de forma mais rápida, mais cómoda, e com melhor qualidade”, refere José Carlos Soares.