O anadiense Marco Alves fez parte do estudo da Universidade de Aveiro (UA) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP), sobre possíveis indicadores de uma mais eficaz reprodução medicamente assistida, e que venceu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR).
Os resultados obtidos neste estudo, coordenado por Pedro Fontes Oliveira, do Departamento de Química da UA, e pelo anadiense, Marco Alves, da Unidade Multidisciplinar de Investigação em Biomedicina (UMIB) do ICBAS, sugerem que o conteúdo desse mRNA em espermatozoides humanos poderá desempenhar um papel importante durante o estabelecimento da gravidez.
Realizado com a participação de cerca de 80 casais que se encontravam a realizar tratamentos de infertilidade, o estudo concluiu que níveis mais elevados de abundância de mRNA de GPR30 em espermatozoides estão correlacionados com taxas mais altas de obtenção de gravidez. Fica assim patente o papel que a carga de mRNA do esperma desempenha no desenvolvimento embrionário, sugerindo que o conteúdo de mRNA dos espermatozoides pode ser encarado como um “presente nupcial” e influenciar o sucesso da reprodução medicamente assistida, afirmam os investigadores.
O estudo premiado, intitulado “GPR30 mRNA abundance in human spermatozoa and its association with outcomes of assisted reproduction”, sugere que a presença em espermatozoides do RNA mensageiro (mRNA) que codifica o recetor membranar acoplado a uma proteína G (GPR30) está associado a melhores resultados nos tratamentos de reprodução medicamente assistida. Aquela proteína medeia os efeitos do estradiol (E2), um dos estrogénios essenciais para a fertilidade humana e que tem um papel preponderante no estabelecimento do potencial reprodutor masculino.
A presença do RNA mensageiro (mRNA) que codifica para esse recetor foi já descrita em espermatozoides humanos, de acordo com estudos anteriores, embora sua relevância para a função espermática e para o desenvolvimento embrionário permaneça desconhecida, refere o investigador Pedro Fontes Oliveira, do Departamento de Química da UA, um dos coordenadores do estudo.
O estudo agora premiado e outros anteriores, já publicados pela mesma equipa, têm decorrido com participação da Clínica de Genética da Reprodução Alberto Barros.
Recorde-se que o investigador Marco Alves, natural de Anadia, foi recentemente eleito o melhor especialista do mundo em fertilidade. Desde 2011 publicou mais de 150 artigos científicos em revistas internacionais e já soma vários prémios e distinções.
A infertilidade e a subfertilidade afetam um número significativa de casais em todo o mundo. A infertilidade associada ao fator masculino representa uma fatia de grandes dimensões, contribuindo para dois terços desses casos. Para além disso, a larga maioria de todos os casos de infertilidade masculina têm um fator causal desconhecido (infertilidade idiopática), com pacientes apresentando anomalias inexplicáveis nos parâmetros reprodutivos. A desregulação dos níveis séricos de estrogénios foi observada em vários homens inférteis e os níveis alterados de estradiol (E2) foram associados a uma produção e qualidade espermática diminuídas.