Jorge Sampaio (vice-presidente da Câmara Municipal de Anadia) foi, nos últimos 18 anos, o rosto da Associação Rota da Bairrada.
De saída, e com eleições previstas para março, confessa ter chegado a hora de se retirar “por vontade própria e de consciência tranquila”.
Com a noção do dever cumprido, faz um balanço extremamente positivo do trabalho realizado pela Rota que deseja continuar a ser “dinâmica e inovadora”.
Confessa que nestas quase duas décadas “muito mudou para melhor na região” e aponta como principais conquistas a dinamização do enoturismo, mas sobretudo a implementação na região de “três conceitos basilares: ter escala, ser diferente e trabalhar em rede”, que permitiram que a Bairrada seja, hoje, “um destino de enoturismo e uma referência no país, pela forma como trabalha”.
Foram 18 anos à frente da Associação Rota da Bairrada. Que evolução sentiu dentro da própria associação, por um lado e, por outro, na região ao longo destas quase duas décadas?
Em 2003, quando propusemos que fosse feita uma reestruturação da existente Rota dos Vinhos, o enoturismo era algo em que muito poucos acreditavam e, por isso, um produto turístico português ainda muito insipiente.
Ao longo destes 18 anos, as principais transformações abrangeram as mentalidades. De facto, conseguimos conquistar as pessoas para o enoturismo e para a necessidade de termos uma visão mais abrangente acerca deste turismo ligado ao vinho, mas que não pode ser, exclusivamente, centrado no setor vitivinícola. Para atingir este objetivo, foi necessário implementar três conceitos basilares: ter escala, ser diferente e trabalhar em rede.
Nestes 18 anos, o trabalho foi muito dedicado a tudo isto. Tivemos que incentivar as pessoas para a importância da união: fazer sentir que só conseguimos se a região estiver toda unida, e ganhar escala; estabelecer laços entre os agentes económicos e as diversas entidades, num trabalho em rede que seja garante de otimização de recursos e ampliação de ganhos; e, acima de tudo, transformar uma região vitivinícola num destino de enoturismo diferenciado.
Lutámos por grandes transformações na Bairrada e atingimos, claramente, os objetivos, pois muito mudou e para melhor.
O balanço é positivo?
O balanço é muito positivo. Hoje, a Bairrada é, assumidamente, um destino de enoturismo e uma referência no país, pela forma como trabalha.
Além disso, sinto também que a Bairrada é agora mais região, em todas as suas vertentes. No entanto, tenho a plena consciência de que esta evolução, alcançada em duas décadas, não se deve apenas à Rota da Bairrada, cuja equipa nunca desistiu e sempre acreditou que valia a pena. É também fruto do trabalho desenvolvido por agentes privados (caves, adegas, viticultores, etc.), que sentiram que valia a pena acreditar e investir na região, e por diversas entidades (CCDR Centro, Comissão Vitivinícola da Bairrada, Turismo Centro de Portugal e Municípios), que tiveram a consciência da importância da Bairrada enquanto destino de enoturismo, criando condições para o seu desenvolvimento.
Importa ainda destacar que foi a Rota que criou as ligações entre os diversos elementos da rede.
Atualmente, é certo que o enoturismo é uma realidade em Portugal, sendo já um dos produtos turísticos mais diferenciadores do país, mas também é verdade que a Bairrada contribuiu muito para atingir este patamar.
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