Manuel Alegre fala-nos das suas memórias, do futebol no Largo do Botaréu, das braçadas no Rio Águeda e da vida coimbrã, antes do exílio que o levou a Argel. A viver os dias difíceis de uma pandemia, tentando refugiar-se na escrita libertadora, o poeta e político português fez uma pausa para uma entrevista ao JB, onde confessa que talvez devesse ter saído mais cedo da política para dar mais tempo à escrita.
Jornal da Bairrada: Certamente , já foi desafiado várias vezes para reviver os tempos de Infância em Águeda. De que se lembra?
Manuel Alegre: A infância é um país, dizia o escritor Saint-Exupéry. De Águeda recordo sempre muita coisa. A casa onde nasci, a família, a Rua de Baixo, onde havia muitos ofícios, a Escola do Adro, onde fiz a instrução primária, os meus companheiros, o Largo do Botaréu, onde se jogava à bola, o campo onde costumava caçar, o rio, onde aprendi a nadar, e a nora com a sua música, que para mim é a música de Águeda.
Jornal da Bairrada: Jogou futebol com bolas de trapos e foi um exímio nadador. Fácil para uma cidade com um enigmático largo do Botaréu e com um rio que inspirou poetas?
Manuel Alegre: No Botaréu havia encontros épicos, com as equipas de Paredes, da Venda Nova, de Assequins, etc.. Fui nadador do Recreio Desportivo de Águeda mas foi na Académica de Coimbra que me tornei Campeão Regional, Nacional e fui chamado à Selecção. O Rio Águeda foi uma das minhas primeiras inspirações e tanto o rio como a alma de Águeda aparecem várias vezes na minha obra. Mas também Anadia, de onde é natural uma parte da minha família e onde passei férias muitas vezes.
Jornal da Bairrada: Aquele rio tem “Alma”, não tem?
Manuel Alegre: Escrevi um romance com esse nome. O que ficou da Águeda do meu tempo, do rio, da nora, e de todo aquele período, é o que eu julgo ser a alma de Águeda.
Leia a entrevista completa na edição de 4 de março 2021 do JB