Três contribuintes líquidos – população residente e emigrantes, Diocese de Aveiro e Câmara Municipal. Todos juntos para construir uma igreja de raiz, na freguesia de Fonte Angeão. Foi benzida na tarde do último sábado, na presença do Bispo de Aveiro e presidente da Comissão Diocesana de Arte Sacra, que acompanhou e orientou a obra em nome da diocese.
O edil vaguense, Rui Cruz, e dois presidentes de Junta, Maria Helena Marques e Albano Gonçalves (actual), foram igualmente presenças marcantes na cerimónia. Receberam publicamente palavras de muito apreço de D. António Francisco, pelo “imprescindível e reconhecido contributo” dado à obra. No caso da Câmara, atribuiu um subsídio de 150 mil euros, para além de outros apoios pontuais, como seja o pagamento do projecto e arranjos exteriores do complexo religioso.
Contributos que aquele autarca considerou “irrelevantes”, ao admitir, em declarações aos jornais que “mais importante terá sido perceber que o Governo assinou um protocolo, no valor de 224 mil euros, e de um momento para o outro rasgou-o”. Rui Cruz referia-se, em concreto, ao protocolo, assinado em Outubro de 2004, por José Cesário, antigo secretário de Estado da Administração Local do Governo de Santana Lopes. Em causa estava um apoio financeiro de 70% do custo da obra, por parte da Direcção-Geral das Autarquias Locais (DGAL), que, mais tarde, a governação socialista haveria de “deixar cair”.
Generosidade. Também o Bispo de Aveiro, que na sua homilia destacou a “unidade e generosidade” da comunidade cristã de Fonte de Angeão, e dos muitos emigrantes dispersos pelo mundo, se referiu à polémica questão. Reiterando que a contribuição estatal tinha sido igual a “zero”, viria a admitir claramente que “nem por isso nos faltou ânimo e determinação para percorrermos o caminho que aqui nos conduziu”.
“Esta Igreja nova é bênção de Deus e a vós se deve”, disse, ainda, D. António Francisco, dirigindo-se à comunidade, sublinhando que o novo templo resultou da decisão “lúcida e inteligente, plena de engenho e beleza” de quantos sonharam, pensaram e delinearam o projecto.
Na oportunidade, o prelado aveirense fez questão de distinguir o padre João Evangelista Sarrico, responsável paroquial de Fonte Angeão, e que aos 82 anos vê assim realizado “um dos sonhos maiores da sua vida sacerdotal”.
“Em si recordo, louvo e agradeço todos os sacerdotes que serviram esta comunidade desde 12 de Setembro de 1945”, disse o Bispo, que recordou, também, o padre Manuel Cartaxo, falecido em circunstâncias trágicas há precisamente um mês, e cujo “exemplar testemunho sacerdotal fez ainda mais sagrado este templo”.
A obra foi construída em dois anos e custou cerca de 800 mil euros, estando pagos apenas 680 mil. De referir que o maior contributo veio da população local, e emigrantes. Quanto à diocese, também “sinalizou” a obra, ao entregar o produto da venda do terreno da antiga casa paroquial.
Eduardo Jaques