O Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), reunido em Águeda a 24 de janeiro, deliberou emitir uma posição política pública de exigência ao Ministério da Saúde para que seja criada e ativada com caráter de urgência uma Unidade de Hemodinâmica no Hospital de Aveiro. Este equipamento tem como função, por exemplo, intervir em pessoas que sofrem enfartes do miocárdio.
Esta posição vem no seguimento de outras posições tomadas pela CIRA sobre esta matéria, e do acompanhamento que tem sido feito junto da Administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) para que seja possível capacitar os serviços hospitalares da Região de Aveiro com esta valência.
A CIRA sustenta esta posição com alguns argumentos, dizendo nomeadamente que Portugal se encontra abaixo da média europeia relativamente a Salas de Hemodinâmica por milhão de habitantes (2,5 vs 3 salas) e número de angioplastias (118 vs 191 procedimentos por 100.000 habitantes). A Região Centro é particularmente deficitária, com apenas 3 centros hospitalares com Sala de Hemodinâmica (vs 6 no Norte e 6 em Lisboa VT) e com menos procedimentos (2714 no Centro, 3752 no Norte e 5472 em Lisboa VT).
A CIRA avança com outros dados. Apesar do CHBV servir uma população de 390.000 habitantes, Aveiro é das poucas capitais de distrito que não possui uma Sala de Hemodinâmica, situação que tem impactos negativos graves a vários níveis: clinicamente, 90% dos cidadãos que sofrem um enfarte agudo do miocárdio não são tratados a tempo, superando o limite máximo aceitável de 120 minutos, o que acarreta morbilidade, mortalidade e despesas acrescidas; a falta de resposta para a realização de exames programados em tempo útil pelo Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, tem resultado num atraso clínico com grave prejuízo para os doentes; economicamente, a realização de exames no Centro Hospitalar e Universitário do Porto e no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho, resultou numa despesa estimada de meio milhão de euros em 2021 para o CHBV.
Faz ainda referência à inevitabilidade de transporte dos doentes para outros centros com Hemodinâmica, em média 3 a 4 doentes por dia, de ambulância e com equipa médica e de enfermagem, que tem-se demonstrado uma alternativa dispendiosa e muito perturbadora da normalidade do serviços, dados que os profissionais ficam ausentes em média 4 a 5 horas, para além do risco para o doente.
Por informação recolhida junto da Administração do CHBV, a CIRA sabe que o CHBV trabalhou nos últimos dois anos num projeto para a criação de uma Unidade de Hemodinâmica no Hospital de Aveiro, tendo o Serviço de Cardiologia 14 especialistas (com mais 5 internos), um dos quais com a especialização e experiência em hemodinâmica. Foram já identificados meios de apoio a este cardiologista por equipa experiente.
Ou seja, o CHBV possui, na presente data, “as condições humanas e logísticas necessárias para a abertura imediata de uma Sala de Hemodinâmica, com garantia da segurança, sendo economicamente vantajoso para o mesmo a sua criação, e de elevado valor para a defesa da vida dos Cidadãos da Região de Aveiro”, sublinha o Conselho Intermunicipal da CIRA, exigindo com urgência a ativação desta valência no Hospital Infante D. Pedro.