A Câmara Municipal de Águeda está a acompanhar uma intervenção de fundo ao longo dos rios Águeda e Alfusqueiro, que vai decorrer num total de 25 quilómetros, com o objetivo de repor a continuidade fluvial dos rios e estimular o fluxo migratório de peixes. Uma ação que teve início na última semana e que decorre no âmbito do projeto LIFE Águeda, com a coordenação da Universidade de Évora em parceria com a Câmara de Águeda e o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
“Esta é uma intervenção de relevância ambiental enorme, que permite não só a regularização do normal fluxo dos rios, prevenir a degradação das margens que já acontecia em alguns destes locais, como contribui para melhorar as condições para os peixes migradores que precisam dos nossos rios, em especial a lampreia e a enguia”, disse Jorge Almeida, presidente da Câmara de Águeda.
Num trabalho desenvolvido ao longo de dois anos, foram identificados os obstáculos que vão agora ser suprimidos. No início do projeto LIFE, foram colocadas sondas em diversos peixes migradores na Bacia do Vouga, que normalmente migram para os Rios Cértima, Águeda e Alfusqueiro, e entre os dados registados está que, por exemplo, as lampreias não conseguiam transpor alguns obstáculos. Uma informação que permitiu, assim, identificar os obstáculos que impedem o fluxo migratório dos peixes e conduziu ao processo agora iniciado.
A primeira intervenção aconteceu na Presa Velha, cerca de dois quilómetros a montante da Ponte de Bolfiar, no Rio Alfusqueiro, e a segunda a montante do Parque Fluvial da Redonda. Tratam-se de obstáculos que estavam no rio há muitos anos, alguns dos quais degradados e quase a cair.
A par da intervenção referida, vão ser construídas três passagens para peixes, uma das quais junto à captação de água no Parque Fluvial da Redonda, onde vai ser feito um reperfilamento do rio com uma intervenção infraestrutural de forma a criar esta passagem para os peixes.
Para além desta, vão ser construídas passagens para peixes na Presa da Carvalha e nos Moinhos da Vermelha, às quais acresce duas passagens temporárias a colocar junto dos parques fluviais de Bolfiar e da Redonda, iniciativas que demonstram a possibilidade de compatibilizar a conservação da natureza e o uso do rio para fins lúdicos ou económicos.
Esta intervenção, que resulta das medições realizadas e da monitorização do fluxo migratório dos peixes, afigura-se com uma relevância maior este ano, tendo em conta que o caudal dos rios está muito baixo, o que faz com que muitos peixes não estejam a completar os ciclos migratórios.
Refira-se que o LIFE Águeda é um projeto financiado pelo programa LIFE, que visa a melhoria do estado de conservação ecológica das linhas de água da bacia do rio Vouga, através da implementação de ações para promover a reabilitação dos habitats junto aos rios, bem como as populações de peixes migradores nestas linhas de água.