A região prevê uma produção de cerca de 181 mil hectolitros, ou seja, a Bairrada deverá manter o nível de produção registado na vindima passada. Quem o avança é José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, convicto de que a qualidade dos vinhos, apesar da seca e das recentes chuvas, será mantida. Ainda assim, estas situações, diz, “vão exigir um trabalho muito apurado dos enólogos na adega.”
Qual a previsão para esta vindima, em termos quantitativos e qualitativos?
Em termos quantitativos, prevemos uma produção semelhante ao valor do ano passado, ou seja, de cerca de 18 milhões de litros. Embora tenha existido uma ligeira diminuição por algum escaldão, a Bairrada não foi tão afetada pela falta de água, por estarmos perto do Atlântico, o que nos permite ter alguma humidade, que compensou um pouco o que foi a falta de água nos solos. Em termos qualitativos – e tendo em conta o que já foi vindimado para base de espumante – é bom, prevendo-se que os espumantes, brancos e rosados tenham excelente qualidade. No caso dos tintos temos de aguardar mais um pouco, até porque as uvas tintas foram as que mais sofreram com o escaldão. Mas, se tudo correr conforme previsto – a água que tem caído até pode vir a ser benéfica – perspetiva-se que nos tintos também seja um bom ano.
Estes recentes dias de chuva e previsão de que vão continuar não vão trazer problemas acrescidos no final da maturação dos cachos?
No caso dos vinhos tintos não, porque a maior parte das uvas tem um ciclo de maturação mais longo, mas depende da quantidade de chuva que vai ainda cair e da sua concentração. Isto tendo em conta que muitas uvas só serão colhidas no final de setembro, início de outubro. Se for uma chuva persistente e continuada aí, sim, o clima de humidade favorece o aparecimento de problemas como a podridão.
É um facto que existe menor quantidade de água nos solos, no entanto, e atendendo à forte influência atlântica de que a região beneficia, as manhãs mais frescas têm favorecido o desenvolvimento das uvas, pelo que podemos afirmar que a qualidade e quantidade dos vinhos da Bairrada se vai manter na vindima 2022/2023.
Tendo em conta o clima, a temperatura que se tem feito sentir e a falta de chuva, a vindima foi antecipada em termos de calendário habitual?
A vindima na Bairrada, das castas brancas que dão origem ao vinho base para espumante, tem sido iniciada, nos últimos anos, na primeira quinzena de agosto, nomeadamente nas zonas de Anadia e Mealhada. Mas, este ano, sabemos que houve uma antecipação entre 5 a 7 dias em relação ao que era habitual. A previsão aponta para que a vindima termine em meados de outubro.
Leia a entrevista completa a José Pedro Soares, presidente da CVR Bairrada (que integra o Especial Vindimas 2002) na edição impressa ou digital