A primeira vez, seja no que for, fica marcada para sempre no nosso âmago pelas memórias que deixa. Desafiámos três bairradinos a recordarem aquela que foi a sua primeira vindima. Deixamos aqui o testemunho de Luís Miguel Pereira.
Natural de Mogofores, Luís Miguel Pereira integra o projeto Ampulheta Mágica, juntamente com José Pedro Soares e João Menano Carvalho. Cedo começou a vindimar.
Era ainda menino. Hoje, este profissional da Saúde (enfermeiro) recorda a primeira vindima, ainda que este desafio de apelar às longínquas memórias de infância (anos 70 e 80), não seja muito difícil, na medida em que “quase todas as famílias, na altura, tinham um bocado de vinha e as uvas tinham que ser apanhadas quer para fazer vinhos maravilhosos em família ou então serem entregues na adega cooperativa local”, frisa Miguel Pereira que não esconde a festa que era a vindima, ao nível de uma tradicional matança do porco, eventos que reuniam avós, pais, filhos e netos e em que todos vindimavam para baldes e cestos, consoante a capacidade física. “Eu, por exemplo, ainda usei um balde de brincar na praia, depois fui progredindo conforme a idade e capacidade física”, relembra.
Em jeito de brincadeira afirma que “no início, acho que até só atrapalhava, pois, o perigo da tesoura nas minhas mãos todas peganhentas do líquido das uvas, dificultava a tarefa e, por vezes, até me magoava”. Situações, confessa, perfeitamente normais e que “faziam parte”.
“Lembro que queria vindimar e a minha mãe insistia para estar quieto e só fazer companhia. Os baldes eram despejados em sacos que, depois de já usados, molhados e sujos eram acartados pelas mulheres, à cabeça, e pelos homens às costas; os mesmos que rotos escorriam pelas costas e cabeça, o que de uma forma única dava um cheiro comum e característico às pessoas que labutavam numa típica vindima bairradina”.
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