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Anadia // Bairrada  

Caos na Consulta Aberta, em Anadia

 

O caos instalou-se na última segunda-feira, dia 10, na Consulta Aberta, em Anadia.
A redução de dois para um médico naquele serviço, entre as 8 e as 20h, levou a que dezenas de utentes tivessem de esperar 5 a 6 horas para serem atendidos. À noite, das 20 às 24h, o serviço é assegurado por dois médicos contratados que não pertencem ao Centro de Saúde de Anadia.
A Consulta Aberta, recorde-se, veio substituir o serviço de Urgências no Hospital local e entrou em funcionamento a 2 de Janeiro de 2008, em instalações do Hospital José Luciano de Castro. Até domingo passado, dia 9, aquele serviço contou com dois médicos em regime de permanência, entre as 8 e as 24h.
Contudo, no dia seguinte (segunda-feira), dia 10, e sem qualquer aviso prévio, sofreu uma redução de clínicos, passando a estar apenas um médico de serviço entre as 8 e as 20h. Esta alteração provocou a maior confusão e a onda de descontentamento e revolta era grande nos utentes. Alguns recordaram ao Jornal da Bairrada a saudade que tinham do serviço de Urgências, que “nunca deveria ter fechado.”
A situação provocou o caos na sala de espera e alguns dos doentes acabaram mesmo por desistir da consulta.
Rita Marques é de Vila Nova de Monsarros e, embora tenha ido à Consulta Aberta na sequência de um desmaio, esperou perto de cinco horas para ser vista pelo médico. “Quando cheguei, tinha 26 pessoas à minha frente”, avançou.
Por sua vez, Algina Ferreira, de Ferreiros (Moita) chegou um pouco antes, às 9h30. “Ainda fui às 6h da manhã para tentar uma consulta no médico de família, mas já não tive vaga. Resolvi vir aqui e é o que se vê.” Foi consultada já ao início da tarde, por volta das 15h.
Revoltada com a espera, Catarina Pereira, de Vilarinho do Bairro, contou que chegou à Consulta Aberta também pouco passava das 9h30. Embora tenha passado pela Extensão de Saúde de S.Lourenço do Bairro, com dores de estômago e vómitos, acabou por ter de recorrer à Consulta Aberta: “Na Extensão de Saúde estava lá um senhor, desde a madrugada, a aguardar vez para outra pessoa e eu já não tive consulta.”
Na expectativa de ser rapidamente atendida em Anadia, só sairia da Consulta por volta das 16h.
“É desumano, não se admite que nos dias de hoje nos tenhamos de sujeitar a esta situação”, diz, lamentando que a Saúde esteja cada vez mais doente.
Catarina Pereira diz que lhe foi dito que “a partir de agora, das 8 às 20h é um médico e das 20 às 24h serão dois.”
Laura Duarte, da Moita, chegou para consulta às 9h30 e, passado mais de 5h, finalmente foi vista pelo único clínico de serviço que, de resto, não teve mãos a medir para tão elevado número de utentes que acorreram ao serviço.
“Disseram-me que só havia um médico de serviço. Uma situação inadmissível e intolerável. Faço descontos há 22 anos para a Segurança Social e não se consegue ir a um médico”, acrescenta. Sem médico de família – a médica que tinha reformou-se – aguarda ainda que os serviços de Saúde lho atribuam. Enquanto isso não acontece, vê-se obrigada a recorrer à Consulta Aberta.
António Tomé Caloso e Almiro Nunes Duarte, ambos de Sangalhos, Moisés Mendes, da Moita e Dulcinia Barros de S.Lourenço do Bairro foram outros utentes que esperaram horas por uma consulta.
Apesar dos esforços, até ao fecho desta edição não conseguimos obter uma explicação de Ana Oliveira, directora do Agrupamento dos Centros de Saúde Baixo Vouga I, relativa à redução de clínicos na Consulta Aberta de Anadia.

Catarina Cerca
catarina@jb.pt