O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, e os diversos párocos do arciprestado de Oliveira do Bairro estão preocupados com a pobreza.
O Bispo defendeu, na última semana, que a Igreja deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para vencer o desalento, o medo e a pobreza que estão instalados na sociedade.
Durante uma conferência de imprensa para apresentar a visita pastoral ao arciprestado de Oliveira do Bairro, que começou no domingo, o bispo afirmou saber “das dificuldades e dos dramas que a pobreza, o desemprego, a insegurança e o medo perante o futuro nos trazem”.
“A Igreja deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para vencer o desalento de uns, o medo de outros e a pobreza de muitos. Aqui está a Igreja no meio de vós e convosco como sinal de esperança e sacramento de salvação”, disse.
No final da conferência de imprensa, o bispo de Aveiro aproveitou a oportunidade para trocar algumas impressões com os párocos do Arciprestado sobre o actual momento económico e social.
Ajuda. O pároco de Oliveira do Bairro, António Cruz, disse que, “praticamente, todos os dias há sempre alguém que me vem bater à porta, seja para pedir dinheiro ou comida”, acrescentando que “a paróquia não tem possibilidades para ajudar todos aqueles que nos procuram, pelo que são encaminhados para a Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro ou outras instituições, até porque a Conferência Vicentina está decaída”.
Já o pároco da Palhaça, José Cruz, antevê um ano de grandes dificuldades, sublinhando que “a instituição (Centro Paroquial da Palhaça) que gere não aumentou os preços dos serviços prestados e que tem recebido de alguns pais, pedidos para atrasarem o pagamento das mensalidades da creche”. “Estamos a pensar como é que vamos fazer frente a este problema, já que temos obras em curso e registamos uma redução de receitas”, acrescentou.
Para o pároco de Oiã, Mário Ferreira, a preocupação incide nas duas comunidades ciganas que existem na vila e que “estão a aumentar”. “Temos que analisar este problema, assim como estamos preocupados com a prostituição que existe em vários locais da freguesia”.
Mário Ferreira dá conta ainda que “a Cáritas se encontra a apoiar 285 famílias, distribuindo alimentos”.
Gente envergonhada. Costa Leite, pároco de Fermentelos, destaca as dificuldades de muitas pessoas que emigraram para a Venezuela e que agora não conseguem trazer o dinheiro para terras lusas. “Como devem saber, tudo o que se vende na Vezenuela fica lá.”
Deu conta ainda das incursões de romenos, que são efectuadas no final das missas, para pedirem dinheiro, “sem que saibamos o objectivo”.
Relativamente à ajuda prestada pela Cáritas, lamentou o facto de muitos dos alimentos terem prazos de validade extremamente curtos. “Também temos na freguesia muita gente envergonhada, mas necessitada”, acrescentou.
Na freguesia de Bustos, as preocupações do pároco Manuel Arlindo incidem nos contratos de associação que “foram revistos com o IPSB, e que poderá originar uma situação muito complicada, já que os pais não têm capacidade para pagar mensalidades que possam ser criadas”.
Manuel Arlindo destacou ainda a inexistência de pedidos de ajuda, assim como o aumento de Uniões de Facto. “Estou convencido que, em muitos dos casos, são os próprios pais que fomentam as Uniões de Facto, uma vez que não têm dinheiro para pagar os casamentos”.
Pedro Fontes Costa
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