Celestino Rocha reside na Gafanha da Nazaré, e desloca-se diariamente para a Gafanha da Boa Hora, para frequentar um dos cursos EFA, ministrados pela Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (EPADR), ao abrigo do POPH – Programa Operacional Potencial Humano.
Diz ser o “único” que ainda não assinou contrato, por considerar que o mesmo é anticonstitucional. Por via disso, não aufere qualquer compensação monetária, desde Junho de 2010. Também não tem direito à refeição. Considera que a escola tem “mentido sucessivamente”, e deu um prazo ao Conselho Executivo da EPADR para lhe resolver o problema. Já oficiou o gestor do programa e, na ausência de resposta, acabou por dar conhecimento dos factos ao Provedor de Justiça.
Na expectativa estão os restantes alunos. Alguns optaram por desistir do curso, porque já não recebem há quatro meses, como confirmou Cristina Cardoso. Em declarações ao JB, a formanda acabaria por admitir que foi um “erro tremendo” ter dado “baixa” no Centro de Emprego.
Embora por razões diferentes, os formandos do curso EFA apoiaram a “revolta” dos cerca de 60 estudantes de S. Tomé e Príncipe, que na semana passada decidiram manifestar-se junto ao refeitório. Cansados de “falsas promessas”, tentaram impedir a entrada dos alunos para almoçar, mas a iniciativa foi ”travada” pelos “seguranças” e força de intervenção da GNR, entretanto chamada pela direcção da escola.
Em causa estava, uma vez mais, o falta do pagamento de subsídios, e a alegada “falta de diálogo e de soluções”, como disse o presidente da Associação de Estudantes, Joy Seabra, que é também o representante da comunidade africana na escola.
Ouvido pelos jornais e por um canal televisivo, aquele dirigente considerou “desnecessária” a carga policial, alegando que os problemas, de “extrema gravidade”, vão continuar enquanto os alunos não forem ressarcidos. Estão em débito três meses, e a maior parte dos alunos “necessita de dinheiro para viver e pagar alojamento”.
Curioso é verificar que o presidente do Conselho Executivo da EPADR, Fernando Santos, não quis prestar declarações sobre o incidente. Seria a vereadora da Educação, Albina Rocha, a confirmar que, no anterior mandato, a escola “ainda solicitava um subsídio para os alunos da cidade de Mé-Zochi”, com quem a autarquia firmou, no mandato de João Rocha, um acordo de geminação.
Deixou no entanto de o fazer, desde que o governo santomense “passou a enviar verbas para aquele efeito”, disse Albina Rocha, sublinhando que a questão chegou a ser discutida em Conselho Geral de Educação.
Eduardo Jaques/Colaborador