Foi entre poesia, natureza e cultura que, de 17 a 20 de março, o Festival Cultural Semente, uma iniciativa da PROMOB e da Galeria Olga Santos, ocupou a vila da Mamarrosa, bem como os seus espaços desabitados, como antigas adegas, destilarias e lojas, e ofereceu à comunidade e visitantes de todo o país uma feira do livro e da árvore e uma programação cultural diversificada.
Apoiada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, a Junta da União de Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, e alguns negócios locais, a segunda edição do Festival foi ainda mais participada do que a anterior, com centenas de pessoas acorrendo ao Salão da Associação de Melhoramentos da Mamarrosa, para comprar plantas, produtos naturais e livros, e participar nos diversos ateliês, workshops, palestras e espetáculos promovidos.
Inaugurado na sexta-feira à noite, com a abertura de exposições de fotografia e de arte contemporânea, o Festival Semente, que já tinha recebido, durante a tarde, alguns idosos de IPSS do Concelho de Oliveira do Bairro, para uma “Sementeira de Provérbios”, dinamizada pela Biblioteca Municipal, seguiu com uma sessão de cinema, pelo CineClub Bairrada, e de uma importante conversa sobre os diversos significados de “raiz” com a presença do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes da Câmara municipal (CLAIM), e com os testemunhos de alguns migrantes.
No sábado, o dia começou com a já tradicional Caminhada Literária, que levou os participantes a explorar a flora da vila da Mamarrosa, e com a abertura da Feira do Livro e da Árvore, compreendendo mais de uma dezena de expositores, que contou com um concerto da Orquestra Juvenil da Banda Filarmónica da Mamarrosa.
O Instituto de Educação e Cidadania da Mamarrosa abriu as suas portas para acolher e oferecer o ateliê pedagógico “A Vida de Uma Planta”, para os mais jovens, enquanto no Salão da AMMA, na palestra “Terapias lá fora”, as oradoras Daniela Mota e Vanessa Aires deixavam bem claro a importância da integração das crianças na natureza.
Mais tarde, a apresentação da Associação Vale Domingos sobre voluntariado ambiental promoveu a inclusão e a sustentabilidade, e houve, ainda, tempo para uma sessão de mindfulness e aromaterapia, com Bárbara Batista.
“Chaniscas e outros contos”, uma sessão de narração de histórias, em parceria com a livraria Aguedense Lusco Fusco, fez despertar as memórias de infância dos ouvintes, pela voz da Sofia Freitas. E também de Águeda veio o Coro Corpo de Vozes da d’Orfeu abrilhantar a programação do evento.
“A Poesia dos Retratos”, de João Paulo Teles, foi, também, apresentada, no sábado, no Festival Semente. A primeira obra poético-fotográfica do jornalista bairradino foi levada a cabo através de uma parceria entre o autor e a PROMOB.
Ao cair da noite, cantaram-se as raízes, as origens, os poetas, com “De ter raízes no chão”, um concerto poético de Eduarda Mota e Ricardo Regalado, com o Grupo de Cantares Populares do Orfeão de Bustos.
Domingo de sol e emoções
No domingo, com mais sol, o Festival acolheu uma sessão de Yoga, guiada por Clara Gonçalves, enquanto os mais pequenos descobriam os segredos das sementes, num ateliê dinamizado pela Associação Aidos da Vila, e em família colhiam plantas e produziam os seus próprios herbários, com a ajuda do Atelier Marimo.
A tarde começou com o decifrar de emoções através da cor, no ateliê “Emoções coloridas” que juntou crianças e utentes de IPSS do concelho de Oliveira do Bairro. E continuou ao sol, entre brincadeiras, pinturas, danças e canções.
Este ano, a tertúlia de reflexão do Festival Semente juntou personalidades das áreas do teatro, do cinema e do associativismo, da psicologia, da arquitetura e do jornalismo, sob dois conceitos fundamentais e complementares – memória e raiz. Artur Castro (Club de Ancas), Alice Tavares (Universidade de Aveiro), Ana Rita Silva (Universidade de Coimbra) e Roberto Merino (Escola Superior Artística do Porto) dissertaram sobre estes temas associando-os às suas áreas do saber, bem como experiências pessoais, moderados por Maria José Santana (Aveiro Mag e Público).
O coletivo de teatro Jovens Artistas Unidos encerrou o dia, com poesia, árvores, pássaros e boas memórias.
Mas só na segunda-feira terminou o Festival, com a representação teatral de Guarda-tempos, de Benedicte Garrido e Miguel Estima, para os alunos da Escola Básica 1o Ciclo da Mamarrosa e, à noite, com a leitura de poemas e a interpretação de canções, por ocasião do Equinócio da Primavera.
A PROMOB e a Galeria Olga Santos fazem um balanço muito positivo de uma edição “mais participada, com mais apoios institucionais e sempre feita pela e para a comunidade, com diversidade de atividades e com a sustentabilidade, a terra e a cultura como grandes lemas e valores”.