Há duas datas, em que numa louvamos e na outra festejamos, de maneira diferente mas, na minha singela maneira de as sentir, são ambas datas em que existe a palavra Liberdade. Senão, vejamos.
Todos os anos, a 25 de Dezembro, festeja-se o nascimento de uma criança oriunda de uma família muito simples, trabalhadora – Maria e José, os quais lhe deram o nome de Jesus. Mais tarde, seria conhecido como Jesus de Nazaré e muito mais além, fora da sua residência, o Nazareno. Criança essa que, desde cedo, foi demonstrando, face aos da sua idade, uma inteligência fora do comum, que a todos deslumbrava, não só porque falava e agia como se adulto fosse, mas também porque descrevia o que dizia com gestos expressivos, atraindo os de mais idade.
Ao longo do seu desenvolvimento intelectual, aquela criança foi-se apercebendo da maneira como o seu Povo era tratado, perseguido, explorado, torturado, por uma tirania dessa época, que desse povo tirava proveito para viver “à grande e à francesa”, em grandes palácios construídos pela escravatura. Com o avançar da idade, essa mesma criança conseguiu unir os seus semelhantes, lutando pacificamente contra essa mesma tirania, acabando por ser perseguido, torturado e crucificado, como todos sabemos.
O 25 de Abril não aconteceu ao acaso. Foi, sim, resultado da luta de gerações de mulheres e homens que fizeram oposição a um tirano do nosso tempo, Salazar, que perseguiu quem a ele se opunha, torturando alguns até à morte e outros que, refugiando-se fora do país, também, à sua maneira, contrariavam o regime totalitário.
Há que salientar o esforço que alguns, tais como republicanos, monárquicos, católicos, gente anónima e, acima de tudo, um partido já formado nesses tempos e muito bem organizado, o Partido Comunista Português, sofreram, este nomeadamente, à custa de muitas prisões e mortes dos seus militantes.
Resumindo e concluindo, sem essa oposição e o nosso 25 de Abril de 1974, não poderia, eu próprio, escrever para este semanário que tanto respeito e estimo.
Todos nós temos consciência de como somos governados. Não estando mal, devido aos deveres que a lei nos obriga enquanto contribuintes, podíamos estar muito melhor.
Citando um grande poeta da nossa época:
«Isto vai meus amigos isto vai / um passo atrás são sempre dois em frente / e um povo verdadeiro não se trai / não quer gente mais gente que outra gente /
Isto vai meus amigos isto vai / O que é preciso é ter sempre presente / que o presente é um tempo que se vai / e o futuro é o tempo resistente (…).» [“O Futuro”, José Carlos Ary dos Santos]