As questões ambientais têm sido apresentadas de forma cada vez extremada, vincando trincheiras, cegas ao contraditório e atreitas a teorias da conspiração frequente.
Vemos como a extrema-esquerda, no afã de mudar à força o nosso modo de vida, usa o ambientalismo como arma de combate político. Aqui, como em tantas outras coisas, provoca a reacção inversa na extrema-direita, como o negacionismo das alterações climáticas.
Curiosamente, a história política das preocupações ambientais e da ecologia em Portugal faz-se inicialmente à direita, primeiro com Gonçalo Ribeiro Telles (focado no paisagismo e o ordenamento do território) depois com Carlos Pimenta, seguido de nomes como Macário Correia, Carlos Coelho ou Jorge Moreira da Silva.
As discussões extremadas levam à mistura de conceitos: ambientalismo, animalismo, conservacionismo e ecologia são conceitos diferentes, que muitas vezes se confundem propositadamente para criar uma narrativa que satisfaça a crença de cada lado.
Por isso, quando aqui me proponho lançar algumas notas para a discussão autárquica 2025 sobre o Ambiente, não vai encontrar referências ao seu cachorrinho nem ao seu gatinho. Isso são questões de urbanidade e salubridade.
Proteger o ambiente hoje, é preparar o futuro em equilíbrio com a sociedade, a economia e o bem estar das pessoas.
Um concelho como o de Anadia tem desafios muito diferentes dos que vemos na TV quando o assunto é Ambiente. É evidente que deve contribuir nos elementos mais básicos, como todos nós: separar lixo, reduzir o consumo de energia e água, etc…
Mas tem a responsabilidade de gerir de forma integrada o triângulo Agricultura, Floresta e Ambiente, algo que os gabinetes da gestão pública em Lisboa têm dificuldade em conjugar, mas que é o âmago da discussão ambiental para um concelho como Anadia. O agricultor, o viticultor, o silvicultor, o pastor, grandes e pequenos, são os maiores interessados na preservação do meio ambiente e – muito importante – na sustentabilidade.
Pelo lado da indústria, o concelho tem um elefante na sala que ninguém quer ver: as fábricas, dentro do concelho, que são altamente poluentes. É preciso falar com estes empresários e dar-lhes a oportunidade de, com tempo razoável mas limitado, tomarem medidas que protejam a população.
Há, como sempre, mais elementos de análise que não consigo abordar aqui, como é o caso da energia ou dos transportes.
Porém, não posso deixar de referir a água, sob vários prismas. Felizmente a Bairrada não tem o problema da falta de água. No entanto, é um bem raro (a água disponível) que não deve ser desperdiçado. Sabemos (Águas de Portugal) que 30% da água canalizada é desperdiçada em “canos rotos”, antes de chegar à sua casa. Água deitada fora.
Sabemos também que a agricultura consome 70% da água disponível – que água deve estar disponível para os agricultores? Qual o nível de reutilização de água?
E a água para consumo humano, como deve ser tratada? Importa que não saiba mal?
Não estamos a pagar a água demasiado barata? Há incentivo à redução do consumo? E financiamento suficiente para melhorias estruturais?
Uma última pergunta: a gestão da água no concelho devia ser privatizada?
[Que grande confusão vai no INEM. Há que distinguir Causa de Casualidade. Investigue-se os casos. Compare-se o desempenho daquela semana com a anterior, com o mês anterior, com o ano anterior. E tirem-se as conclusões. Todas.
Eu posso ajudar com alguns dados: a 20 de Setembro de 2023, estive 22 minutos a fazer massagem cardíaca ao meu pai até o INEM aparecer. Não havia greve. Não houve notícias. Não houve inquéritos.]
Texto escrito ao abrigo do anterior acordo
ortográfico, por vontade expressa do autor