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Manuel Armando

Padre

De longe, longe…

Certos momentos são deveras cruciais para o nosso crescimento interior. Fisicamente, sabemos que há um tempo determinado para aumentarmos em volume corporal, o que acontece durante os primeiros anos de cada um de nós. Esse mesmo tempo faz-se acompanhar de um certo conhecimento e idealização que passam à experiência tão comum de avaliarmos os outros que também vão descobrindo as vicissitudes da vida em ajuda mútua.

Crescer na alma, porém, não é tarefa vulgar e fácil, pois, ainda que dependa de ajudas alheias, muito mais está no cuidado, esforço e desejo de progresso pessoal.

É verdade que nenhum indivíduo conseguirá viver em pleno todos os dons se não confronta, sem espírito de competição, tudo e aqueles com quem se cruza em quaisquer esquinas e tempos.

A atenção à vida faz o homem ser homem em todas as suas capacidades físicas e mentais, morais e religiosas.

A simplicidade individual influenciará um grupo a enveredar ou afinar, no dia a dia, quanto pensa, planeia e produz, enfrentando as múltiplas diferenças que se supõem de pessoa para pessoa.
Em cada canto do mundo, por mais inóspito que pareça, enfrentamos surpresas que nos conduzem a exames de consciência e à convicção de que valemos pouco, mesmo apregoando que sabemos mais e melhor que os outros com quem nos movemos na mesma caminhada da vida.

Afirmar quem e como somos, sem alarde, leva-nos a reconhecer muito do caminho andado, e tantas vezes transviado, enquanto descobrimos também que há energias que nos complementariam se não nos deixássemos tropeçar na negligência ou vergonha, desalento e preguiça.

Quanto testemunho deixámos de dar apenas por inércia e descuido sobre o papel que cada um tem a desempenhar no seio da comunidade! Reconheçamos infamante perda de tempo em cada uma das fases que seriam as mais concisas no crescimento anímico de todos nós. Quando omitimos tal oportunidade de examinação ao que somos capazes de engendrar para enfrentar a vida, talvez admitamos que o mundo exterior tudo fará para colmatar a amorfia que nos definha. É isso um engano rude, pois, jamais alguém ocupará o nosso lugar da missão pessoal, naturalmente obrigatória.
Para darmos expressão a algum trabalho, descoberta ou crença, podemos usar os mais diversificados métodos. Fazendo-o, alcançaremos pontos inauditos do Universo e sem tibiezas ou preocupação sobre quaisquer ameaças

Tudo isto, a propósito de um pequeno “nada” com que me deparei, há tempos atrás. Passo a descrevê-lo, resumidamente, para todos.
Tive necessidade de comprar uns tubos de cola para segurar uma operação que tinha entre mãos.

Chegado a casa, ao desembrulhar os dois frasquinhos, reparei que, numa das faces interiores da embalagem, que poderia ter sido rasgada para menor trabalho, se encontrava uma mensagem impressa que era, exactamente, a citação bíblica extraída da excelente Carta de São Paulo aos Romanos (Rom.1/16-17):

  • «Não me envergonho do Evangelho…»
    Eis um modo simples, ou talvez não, de transmitir o dom da Fé. Como fonte de proveniência era indicado o Equador.
    Ora, concluamos: Quem imaginaria os milhares de quilómetros que percorreu a fé de alguém – de um grupo ou de uma Empresa – para nos ajudar a reflectir a preocupação de que todos e em todo o lado, encontrem Deus e, na Sua Palavra, se construa em segurança o nosso interior tão humano e frágil.
    De longe, longe, vem algo que é, decerto, capaz de modificar ou aperfeiçoar vidas.

Texto escrito ao abrigo do anterior acordo
ortográfico, por vontade expressa do autor