Assine já

Manuel Armando

Padre

Desporto, Educação prática e divertida

É bom ver, dá gosto aplaudir, apetece testemunhar e fixar como modelo a copiar. É simples, é possível, é saudável.

Podemos afirmar tudo isto sobre muitas coisas e práticas. Agora, porém, pretendo entrar e deter-me na linha do desporto, em qualquer prisma que se queira considerar. Quanto à arte e jeito de praticá-lo, como não sou treinador nem percebo muito das regras de jogo, limito-me a nada dizer e assim evito errar ou exibir a minha ignorância pessoal.

Desde criança estou mais inclinado em direcção a um determinado Clube. Não me permito nomeá-lo para não criar inveja a ninguém.

As maneiras como cada um se comporta no desempenho do seu desporto preferido, praticado ou presenciado, é que interessa aqui aludir.
Toda a forma de desporto deveria tornar-se uma escola segura de crescimento integral do Homem nas suas vertentes mais humanas, como alguém dotado dos sentimentos nobres, de boa conduta e domínio do seu ser íntimo.

Há o desporto que consiste na procura do bem-estar e saúde física individual, mas também o outro que supõe a presença de duas pessoas ou grupos contendores alargados que se apresentam como rivais, adversários, mas nunca inimigos. Uns, por prazer interior e busca de equilíbrio da massa corporal, outros, à procura dos patacos. No centro de tudo não há que descobrir a bola, o dardo, o peso, o martelo, a vara, a espada nem ansiar a conquista de alguma medalha ou taça, mas, sim encontrar o Homem em si mesmo. Nele deveriam convergir e assentar a importância e a atenção. O seu crescimento físico, moral e psicológico integral terá de prevalecer acima de quaisquer outros intentos.

O desporto, creio, deverá ser uma forte e firmada aglutinação de todas as faculdades e emoções e olhado com seriedade e sensatez.

Mesmo que não se pratique, também se apresenta como um assinalado exercício a contribuir para o doseamento de atitudes daqueles que participam, assistindo. E esta circunstância traz ao espectador uma ocasião soberana de esquecer algumas agruras da vida, de dominar pressões anímicas e dar largas ao despejar de tensões nervosas que tanto impedem o bom humor particular e a convivência em sociedade. Mas, ainda aqui, obrigará ser observado a fim de imperar o respeito e a boa educação aplicada na justa medida da sensatez emotiva.

O desporto jamais poderá aparecer como guerra sangrenta e quando os indivíduos perdem a regulação interior de si mesmos, deixa de haver convívio, alegria e felicidade para se constituírem autênticos batalhões que extravasam a dignidade humana desportiva.
Infelizmente, assistimos, com frequência e ao vivo, ao desrespeito, à agressão torpe entre pessoas que se esquecem quem são. Entra o descalabro onde deveria haver lugar para a paz e ajudas recíprocas.

Apraz-nos, aliás, registar certos gestos significativos, algumas vezes, protagonizados por um adversário que sorri e corre a pedir desculpa pelo atropelo inesperado e involuntário às regras de jogo que ofendeu fisicamente o seu rival contrário que, por seu lado, aceita esse pedido. É bonito e de louvar a aproximação de ambos num aperto de mão ou abraço que signifiquem saber estar-se num desporto e não numa batalha. Procura cada um defender as suas cores, mas nunca agredir desumanamente o irmão.

Causa-nos dó, para não dizer nojo, o relato de uma criança ao referir o caso de o seu orientador incentivar a canelada ao adversário que haja prevaricado também, de modo a impedir a sua progressão no jogo. Sistema de pergunta e resposta, reprovável, evidentemente.
Por outro lado, é agradável saudar o testemunho de um jogador que se vê ir em socorro do seu rival que foi magoado acidentalmente no aceso do prélio e necessita, naquele momento, da primeira “mãozinha”.

O desporto, qualquer que seja a sua manifestação, deverá ser escola fecundante, baseada em valores de bons sentimentos que, uma vez atingidos e respeitados, farão dela um alfobre de tranquilidade, como diversão sadia e construtora da sociedade, desportivamente, mais igual e calma.