Entre a guerra e a paz. Na verdade, avaliando estes dois extremos, que ficará no meio?
Abomina-se a guerra que rouba a serenidade a qualquer ser humano dotado de sentimentos e receios múltiplos. Muitos problemas consequentes são analisados num misto de dor, mas também com certo afastamento por ela acontecer em locais muito longínquos, não acarretando tantas coisas desagradáveis como àquelas gentes que vivem debaixo da metralha e destruição em quaisquer momentos do dia, vendo a sua vida e haveres irem água abaixo sem nenhumas hipóteses de recuperação, por leve que ela seja.
Vivemos numa certa paz, sem dúvida, ainda que abalados, constantemente, pelas atrocidades cometidas a esmo e num ambiente que parece não acabar. Deparamos, muito pelo contrário, com o recrudescer de tantas maldades, todos os dias. A comunicação social parece fazer gala ao dar em primeira mão a nota dos desvios humanos mais atrozes que enlutam uma sociedade, nascida e criada para a ligação e respeito de todos os seus membros. Concluímos, porém, que quase não passam de utopia a esperança ou a promessa da paz.
Sucede que, em muitos momentos, mesmo nos que aparentam alguma pacatez, os membros da sociedade vivem em sobressalto permanente na perspectiva de o mal cair à sua porta, ainda que lutem e rezem, confiando não verem chover os petardos perto de si.
Mas, então, qual será essa confiança de que a trovoada não incomode mesmo aqueles que estão longe de nós e nem conhecemos? Como viverão e que sensações assaltarão tantas almas que já perderam a noção de um qualquer futuro ditoso? Esse futuro já não existe. Comenta-se e fazem-se propósitos, mas tudo isso não passa de fantasias optimistas que jamais se acharão realizadas. São derrotas sobre derrotas, quando aguardávamos sempre uma melhoria crescente. A sociedade está podre.
Fala-se de acordos, são colocadas em cima da mesa as promessas e premissas, supostas como razoáveis, para entendimentos, mas estes tardam ou nem chegam a ser postos em prática pelos seus fazedores.
Faltam a rectidão e a honestidade entre indivíduos e grupos. As ganâncias em todos os sentidos superam os esforços que, mesmo assim, muitos querem empreender para um bem-estar universal.
Fazem-se variados convénios de paz. Oxalá, viesse, alguma vez, a conseguir-se alguma coisa.
Mas também se pergunta: alcançada ela, a paz, que fica pelo meio de tal desgraça? Como podem tantos e tantos experimentarem-na, quando milhares e milhares de irmãos inocentes, desde as crianças aos mais idosos, não voltarão ao convívio de ninguém? Que meios serão utilizados para se reconstruirem casas e readquirirem outros bens essenciais, destruídos e, agora, apenas pedras sobre pedras?
Como voltarão ao equilíbrio anímico e mental milhões de pessoas que sofrem e sobrevivem em situações deploráveis, uma vez que a sua vida parece ter perdido a razão de ser?
Ah, quão diferente seria o Universo se todos os homens conseguissem erguer a fraternidade e serem felizes!!!
Texto escrito ao abrigo do anterior acordo ortográfico, por vontade expressa do autor