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André Ferreira de Oliveira

Anadiense

Imposições tem custos

São conhecidos os cabeças de lista do Partido Social Democrata e do Partido Socialista para a Câmara Municipal de Anadia.

O PSD pescou em águas profundas, escolhendo o nº 2 do MIAP e Vice-Presidente, regressado à origem – eco do apocalipse do MIAP ou erro de cálculo, ver-se-á.

O Partido Socialista, passando por cima do candidato que tanto elogiou nos últimos anos (e sua nº 2), seguiu uma terceira escolha, Ana Matias, após reunião de órgão interno.

André Henriques comunicou que o nome da candidata, “De forma fechada e pouco transparente, sem plenário de militantes, foi aprovado à terceira tentativa, com recurso a esquemas de secretaria”; disse ter sido questionado, pelo Presidente Concelhio e numa mesa de café, acerca da disponibilidade para a recandidatura, mostrando que a decisão deveria ser aceite “em plenário de militantes e simpatizantes”, traduzindo a “vontade de uma maioria expressiva” para continuar o projeto inacabado.

Se o comunicado – não rebatido! – propalasse mentiras, o ex-Vereador incorreria em gravosas consequências disciplinares, manchando indelevelmente seu percurso; dizendo verdades, está irreparavelmente manchado o processo de condução autárquico e nenhum dos envolvidos apresenta condições para ser candidato e/ou manter a posição ocupada.

Colateralmente, Autarcas socialistas se demitiram em discordância com a Concelhia.
E durante tudo isto, a anunciada cabeça de lista esteve suspensa no éter? Sabe de algo?
Mesmo sendo o PSD oponente do partido no qual milito, não se pode deixar de enaltecer a escolha do candidato em Plenário, dando a oportunidade aos Militantes de sufragar o seu nome e de aprovar a formação de coligação pré-eleitoral com o CDS-PP.

Volta o PSD a dar aos Militantes a palavra final quanto ao companheiro que os representará, tendência que se acolhe com respeito democrático. Tristemente e sem surpresa, volta o Partido Socialista a irrelevar seus Militantes – realizar Plenário depois do nome determinado, quando foi previamente ignorado pedido para que ocorresse com urgência, não é sinal de “verdadeira mudança e renovação para o concelho de Anadia”.

Defendo há muitos anos a realização de Primárias, abertas a Militantes e Simpatizantes, como a forma mais curial de escolha de cabeças de lista à Câmara Municipal e Assembleia Municipal – não apenas discutindo nomes pré-determinados, impostos pelos líderes de ocasião e na defesa dos seus interesses, antes debatendo perfis de candidatos e projetos que estes tenham para os seus Municípios, obrigando-os a prestar contas.

São um válido instrumento de fomento à democraticidade interna e concretizando a militância, abrindo os partidos à sociedade local (nem sempre as opções partidárias estão alinhadas com as imediatas necessidades dos eleitores) e envolvendo os participantes nos projetos autárquicos, permitindo-lhes uma construção participada e participativa.

Não existem motivos, válidos, para recusar a realização de Plenário, optando por formas menos claras de indicação de candidatas/os. Não tem qualquer valor um Plenário após a predeterminação de candidatos, para sua mera ‘coroação’, sobretudo quando os processos de escolha estão feridos na sua origem por “esquemas de secretaria”.

Como pedir o voto dos Munícipes, se nem internamente se age da forma adequada? Se o nome proposto é aprovado a todo o custo, em terceira votação, quão difícil fica acreditar que será a melhor opção para defender os interesses dos Munícipes?

Todos os partidos (e movimentos de cidadãos) têm que pautar seus processos de seleção de candidatos e estratégia de campanha por rigorosos padrões ético-morais.
Numa sociedade espetacularizada e de espetáculo como a atual, têm que saber comunicar de forma eficaz. Acima de tudo, honesta. Mensagem corrompida é mensagem de pouca valia, impossível ser salva.
Opções têm consequências e geram reações. Imposições têm custos.