Não fui industriado no teclado do computador. No meu tempo de escola e, depois, durante o ensino secundário e, mais tarde, em Filosofia e Teologia, estudava-se, usando somente a inteligência para esmiuçar conceitos, encontrar razões de viver ou fazer nosso o conhecimento que grandes figuras da Ciência e Cultura nos deixaram nos livros impressos, recheados de saber e a escancarar para nós os campos de vida operativa e pesquisadora.
Acerca das novas tecnologias, lembro que ouvi falar delas, pela primeira vez, numa das várias viagens aos Estados Unidos, quando me encontrei com um antigo colega de Escola. Tratava ele com arte e experiência tudo quanto estava ligado à Informática e nisso ganhava bom dinheiro porque o merecia. Limitei-me a felicitá-lo.
Vários anos depois, por todo o lado, foi incrementada a técnica do computador, ao ponto de quase se considerar miserável a família onde não houvesse o seu uso.
Valha a verdade que eu não me considero inferiorizado pela minha deficiente cultura acerca disso mesmo.
Na lógica das funções correspondentes, hoje, presume-se que cada um tenha as bases suficientes para responder às exigências que se afiguram diante de nós, esperando respostas técnicas precisas.
Fui conhecendo os rudimentos e até já elaboro alguma coisa de útil com este preclaro meio de estudo e comunicação. Faço pesquisas, consulto ideias, publico formas de pensar pessoais diversas, dou parabéns aos amigos, em suma, procuro ver mais alguma coisa, pois é um recurso insofismavelmente útil e necessário, acredito.
Através de tal manuseio até se penetra e aprecia quem é o ser humano, pois deparamos com uma parafernália de histórias, ditos, desabafos, opiniões, informações, comentários, ideias e milhentas outras vertentes da classe dos homens.
Quanta sabedoria encontrada que nos ajuda a ler o mundo e suas circunstâncias, enriquecendo-nos cultural, moral e também religiosamente.
Todavia, ficamos meio tontos quando verificamos os testemunhos pessoais de certos indivíduos que prestariam um imenso benefício a todos se estivessem quietos e calados, não exibindo a sua crassa ignorância e maldade. Uma quantidade de gente escreve e dá opiniões sobre o que não conhece minimamente. Tanta desfaçatez com a capa de suposto conhecimento. Tantas vidas tiranizadas, guerrilhas e difamações, certos desacatos provocados pela pedra atirada sem motivos nem verdade, injúrias e mexeriquices desatinadas.
Tudo isto, e outras coisas, veiculadas pela abertura “facebookiana” a uma sociedade que deveria ser coerente e feliz, mas que aparece frequentemente a ostentar-se como arma demolidora da dignidade humana.
Julgo, sem tom de ameaça, uns verdadeiros avisos dirigidos a quem ainda se preza ter racionalidade, de alguns textos da Escritura que bem poderiam ser incentivo para refrear atitudes tomadas pelos fazedores da desordem, dotados de má educação.
Ora, medite-se: «O insolente não gosta de quem o repreende, nem vai para junto dos sábios» (Livro dos Provérbios, 15/12).
«Antes de tudo saibam que, nos últimos dias, surgirão uns impostores que viverão segundo as suas más paixões e, troçando…» (2ª Carta de Pedro, 3/3).
Convenhamos que usar com lisura e grandeza de educação ou personalidade as enormes capacidades desta forma de ligação humana positiva, seria uma homenagem sincera e digna a quem inventou o computador com todas as suas preciosas virtualidades e, ao mesmo tempo, traria ocasiões propícias para muitas cabeças pensarem por si, não se deixando matar pelas ideias alheias que, frequentes vezes, são lixo imundo e inibidor do exercício intelectual de crianças, jovens e adultos mais desprevenidos.
Texto escrito ao abrigo do anterior acordo
ortográfico, por vontade expressa do autor