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João Pacheco Matos

joaopmatos@hotmail.com

Para que nos serve um Presidente do Conselho Europeu?

Para nada.

E um Presidente da Comissão Europeia? Nada. E um Secretário-Geral da ONU? Nada de nada.

Se os titulares destes – e doutros – cargos quisessem defender o seu país no desempenho das suas funções, não seriam certamente escolhidos.

É apenas vaidade bacoca. Tinha razão João Cotrim de Figueiredo: é paroquialismo.

Nem sequer se pode atribuir a uma universidade portuguesa o mérito de formar grandes personalidades humanistas de dimensão universal. Um veio do Técnico. Outro da Faculdade de Direito de Lisboa…

Alguém vê o Perú como uma grande nação por causa do Pérez de Cuéllar? Quantas pessoas sabem que a Jean-Claude Juncker é luxemburguês? Que benefício o presidente da Organização Mundial da Saúde trouxe em particular aos eritreus?

Todo o esforço e argumentos gastos pelo governo para promover um português, seja ele quem for, para um cargo europeu é apenas desperdício de energia. E de activos e oportunidades negociais que poderão fazer falta noutras situações.

Ter um Presidente do Conselho Europeu português não adianta nada ao país nem aos portugueses. Não vem nem mais um turista. Não se exporta nem mais uma garrafa de vinho. Não acrescenta um euro ao PIB.

Ao invés de nomeações para cargos que nada adiantam ao país, o governo deve dirigir as suas energias e força negocial para garantir oportunidades reais para a economia, apoios à internacionalização, melhoria da competitividade. Apoio à construção e reabilitação de habitações. Desenvolvimento da cultura, conhecimento, formação e educação.

Levem lá o Sr. Sanchez para a presidência do Conselho Europeu (Espanha agradece) e aumentem-nos a quota de pesca da sardinha…

E depois à pessoa em si. Costa não tem características para a função. Fala mal inglês, num trabalho que implica falar muito, formal e informalmente… em inglês. Não se lhe viu uma ideia para Portugal e não se lhe ouviu uma ideia para a Europa. É um homem sem mundo que nasceu, estudou, viveu e trabalhou sempre num espaço de poucos quilómetros quadrados (vidé o artigo “O pequeníssimo mundo de António Costa” de Miguel Pinheiro no Observador).

Como PM não previu (ou previu e nada fez) a falta de médicos. Nem a falta de professores. Nem a reacção das restantes forças policiais a um subsídio sectário.

Não se lhe conhece rasgo, visão, brilhantismo estratégico, altruísmo, dedicação a causas universais. Pelo contrário. Sabe-se agora que mentiu e instrumentalizou a Inspecção Geral das Finanças para justificar o saneamento político da ex-presidente da TAP (vai-nos custar 6 milhões de euros), apenas para, mais uma vez, se proteger e sobreviver politicamente. Isso ele faz muito bem, desde o tempo em que António José Seguro era Secretário-Geral do PS.

Não fiz avaliação dos resultados das europeias por uma razão muito simples: não serve para nada. Elegemos apenas 2,9% dos deputados. Só 1/3 das pessoas votaram (talvez se um dia votarmos directamente nos partidos europeus e não nos nacionais, haja mais interesse). Alguns partidos nem sabem em que grupo se vão inserir. A diferença entre o PS e o PSD foi pouco mais que um estádio de Aveiro.

Apenas duas notas de relevo: o eleitorado base do Chega são aqueles 380 mil votantes (valeriam 6% nas legislativas); e os portugueses não corresponderam às mensagens xenófobas – verificando-se a tese do voto de protesto contra a corrupção como a maior força do Chega.

Os portugueses, genericamente, não são racistas (apesar de sermos preconceituosos). Mas somos vaidosos e não raramente paroquiais.