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André Ferreira de Oliveira

Anadiense

Para que servem as (quais) oposições?

Entrámos em ano de eleições, numa fase da vida nacional marcada por decisões políticas sustentadas apenas por sensações populistas, ao arrepio de qualquer dado estatístico e contrariando fiáveis trabalhos académicos.

No Município de Anadia assiste-se a mais um aparente final de ciclo autárquico, com a atual Presidente impedida de se recandidatar, replicando o que tem vindo a suceder há mais de uma década – uma sucessão dinástica, imperturbada e imperturbável.

É costume dizer que as eleições autárquicas apenas se podem perder, dificilmente sendo ganhas: sustentado em décadas de exercício de poder, absoluto e absolutista, sem necessidade de aprender a governar por e para consensos, o MIAP apenas terá que escolher sua/seu cabeça de lista, sendo altamente provável o desfecho – porque governa formidavelmente, ou porque as (quais?) oposições falharam nas suas missões?

Os dados estatísticos do Município estão à disposição de todos os Anadienses para consulta, sendo altamente questionável se, nesta fase distópica da Humanidade, os (negativos) números condicionarão o sentido do voto, ou se a opacidade do processo de escolha do sucessor do MIAP afastará alguém.

Mas qual a sensação dos Munícipes face ao que PSD e PS, sobretudo, (não) fizeram?

Conhecem as propostas que apresentaram e o impacto que teriam caso fossem aprovadas? Percebem a utilidade democrática dos partidos da oposição – todos eles, mesmo os extremados? Reconhecem-lhes legitimidade? Aprovam a forma como escolhem seus cabeças de lista? Foi-lhes comunicado eficazmente o que fizeram?

Não rejeitando o publicamente conhecido trabalho propositivo dos ainda Vereadores do PSD, a mudança interna no decurso do ciclo autárquico necessariamente conduziu a uma mudança de estilo e orientação, chefiados por um novo líder, com reconhecida experiência de gabinete a nível europeu e, presentemente, sendo o agente político local de maior destaque. Apostarão em tal líder para cabeça de lista à Câmara Municipal, ou arriscam ‘pescar’ em águas mais profundas e experientes, tentando o efeito surpresa com alguém que decidiu apostar num tabu?

O Partido Socialista continuará a sua aposta no obscurantismo dos processos de escolha, sequer sem Plenário de Militantes, ou apostará em Primárias abertas para escolha de cabeças de lista, como proposto por Eduardo Ferro Rodrigues – ex-líder nacional – para as Presidenciais? Manterá a imposição do atual Vereador, já marcado pelo pior resultado socialista nas prévias eleições, ou apostará em alguma terceira escolha?

CDS e Iniciativa Liberal seguirão a imposição/tendência nacional, inseridas numa coligação local com o PSD?

Manterá a CDU a aposta nos cabeças de lista à Câmara e Assembleia Municipal, procurando reforçar uma oposição democrática de esquerda, mais profícua nas propostas (mesmo que fadadas à rejeição, mesmo por aqueles que mais próximos deveriam estar).

Veremos os apaniguados do CHEGA a abandonar a sombra dos seus posicionamentos virtuais, assumindo a via eletiva e sujeitando-se a votos?

Indo ‘a procissão no adro’, é inegável que os partidos da oposição local jamais tiveram uma oportunidade tão (aparentemente) favorável de obter bons resultados, no momento de maior fragilidade do MIAP.

As lideranças locais do PSD e do PS estão numa desafiante empreitada: ou obtêm bons resultados – considerando o que declaram, maioria dos mandatos na Câmara/Assembleia Municipal e/ou Freguesias -, impedindo nova vitória do MIAP ou a sua maioria absoluta, ou ficarão para a História local como os responsáveis pelo inacreditável registo de total ausência de alternância no poder, cumprindo uma assunção total de responsabilidades, públicas e partidárias.

Avizinha-se um interessante ano de 2025.