Nos últimos anos temos vindo a ser bombardeados por tudo quanto é meio de comunicação. São jornais, revistas, rádios, redes sociais, devidamente apoiadas e orientadas pelos midia extremistas e altamente facciosos, na defesa das suas cores políticas, não respeitando democraticamente as opiniões da oposição, produzindo informação, não só falsa como, por vezes, gravemente provocatória e contrária aos direitos das populações, quase sempre fugindo ao direito do contraditório.
A democracia, sendo por definição o governo do povo, para o povo e pelo povo, atravessa uma das suas maiores crises na história moderna.
Aquilo que deveria ser um sistema de representação legítima e de participação popular transformou-se, em muitos casos, num palco de corrupção e de autoritarismo disfarçado, promovendo e apoiando interesses económicos ocultos.
Nas últimas décadas o mundo assistiu a um retrocesso democrático que vem preocupando a sociedade mais conservadora. Países que antes eram exemplos de estabilidade política, agora enfrentam crises sociais e institucionais, enquanto líderes autoritários se perpetuam no poder e o povo assiste impotente ao declínio da democracia.
A polarização ideológica enfraquece o diálogo que é imprescindível para a garantia de um funcionamento saudável da democracia. As eleições, o principal pilar da democracia, são manipuladas pelos interesses económicos, pelas fake news, provocando a desinformação e alterando os resultados. Os líderes populistas exploram o medo e a insatisfação da população, para consolidar a sua influência. Quando as democracias se tornam desviantes surgem ataques à justiça e à imprensa.
Quando a corrupção se instala é como um cancro, as instituições enfraquecem, desenvolvem-se as desigualdades, a política é desacreditada, a população perde o respeito pelos políticos, deixa de acreditar nas eleições, as liberdades individuais e institucionais ficam comprometidas, abre-se o caminho para um regime autoritário e fica comprometido o futuro do país que rapidamente caminha para a ditadura.
A pior ameaça à democracia são os líderes populistas desonestos, tanto da direita como da esquerda, que se apresentam como “os salvadores da pátria”, exploram o descontentamento popular para impor as suas agendas.
A política mundial evoluiu nas últimas décadas. A globalização permitiu benefícios económicos para países mais débeis mas também fortaleceu o poder de grandes corporações e organizações supra nacionais, as quais passaram a influenciar diretamente a política interna dos países. Muitos governos eleitos sob a influência destes poderes exteriores ficam subordinados a interesses financeiros o que limita as sua capacidade de governar em benefício do seu povo.
Se é certo que um país isolado tem dificuldades em sobreviver e crescer, também é certo que a interdependência entre as nações torna cada vez mais difícil um país agir de forma isolada o que acaba por criar novos desafios a cada um para garantir a soberania nacional e a sua autodeterminação.