Região Centro
Lixos domésticos podem produzir energia
As 300 toneladas de lixos domésticos produzidas diariamente na Região Centro podem passar a ser incineradas para aproveitamento energético, se vingar um estudo em fase embrionária que mereceu já o repúdio dos ambientalistas.
Trata-se de uma Unidade de Valorização Energética (UVE) que a empresa ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro equaciona lançar na região de Águeda, considerando o apontado num documento elaborado por institutos associados às universidades de Aveiro e Coimbra.
A UVE seria a alternativa para os três saturados aterros sanitários que servem 36 concelhos dos distritos de Aveiro Coimbra e Leiria.
O responsável pela ERSUC, Alberto Santos, confirma a existência do estudo que Miguel Oliveira e Silva, ambientalista da “Cegonha” e professor de Universidade de Aveiro, classifica como “péssima notícia para o ambiente”.
“Os resÃduos que dão viabilidade a um equipamento desses são essencialmente papel e plástico e esses são recicláveis. Somos contra essa estação, como tínhamos sido contra equipamentos similares na Maia (Lipor II) e em Lisboa (Valorsul)”, frisou.
Alberto Santos prefere não alimentar polémicas, sublinhando que se está a falar de um relatório preliminar e de estudos longos, “feitos com perfeito conhecimento dos municípios accionistas da ERSUC”.
Considera que Águeda “é só uma das localizações propostas”, observando que “falta ponderar critérios de natureza ambiental”.
Preferindo ser “rigoroso”, o responsável da ERSUC escusa-se a equiparar a UVE a uma incineradora, porque essa associação também não lhe terá sido feita pelos especialistas.
“Tenho que utilizar a terminologia que me é fornecida pelos estudos técnicos”, declara.
“Não se trata de uma queima a céu aberto, mas não deixa de ser queima. E, ainda por cima, pode representar um investimento avultadíssimo”, contrapõe Miguel Oliveira e Silva, o activista da “Cegonha”, que tem trabalhado na região de Aveiro em estreita colaboração com a Quercus.
Dependendo da dimensão, uma Unidade de Valorização Energética pode representar um investimento até 20 ou 30 milhões de contos (100 ou 150 milhões de euros), segundo Miguel Oliveira e Silva.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Águeda, Castro Azevedo, admite conhecer os estudos sobre a UVE ainda não sabe bem como encarar a hipótese de o seu concelho receber o equipamento.
“Está tudo numa fase muito embrionária. Só depois de analisar detalhamente todas as vantagens e inconvenientes é que me poderei pronunciar”, disse o presidente desta autarquia que também detém uma posição accionista na ERSUC.
Poderá ter que o fazer já dia 21, altura em que a assembleia geral da ERSUC analisa o assunto.
Lusa
(9 Mai / 10:06)