“Caldos de arroz e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. A expressão foi utilizada pelo presidente do Conselho Fiscal dos Bombeiros de Vagos, e consta do Relatório e Conta de Gerência relativamente ao ano de 2009.
O documento, que foi aprovado há dias, por unanimidade, aconselha “bom senso” e recomenda ao órgão executivo daquela Associação a “prudência necessária”, quanto ao investimento previsto para obras nas instalações do quartel-sede.
São obras de grande vulto, numa estrutura que foi inaugurada em Dezembro de 1986, e que custou na altura mais de 249 mil euros. Comparticipada em 85% pelo Governo de então, e 15% pela Câmara de Vagos, o projecto foi dimensionado para cerca de 70 bombeiros, todos do sexo masculino. Do parque de viaturas faziam parte 4 ambulâncias e 7 viaturas de incêndio.
Hoje existem 112 operacionais (85 homens e 27 mulheres), e o parque de viaturas quase que triplicou – existem 16 ambulâncias e 15 carros de incêndio, um barco e 4 atrelados. Daí que se torne imperioso ampliar o quartel e criar novos espaços, como uma central de operações, camaratas e balneários masculinas e femininas, gabinetes para comando e chefias e salas de formação.
O projecto de arquitectura, viabilizado pelo Comando, está concluído, e foi objecto de discussão pública, tendo sido apresentado ao presidente da Câmara, na sua qualidade de responsável pela Protecção Civil municipal.
Segundo Ricardo Fernandes, presidente da direcção em exercício, o custo previsional das obras ronda os 500 mil euros. Mas, é ponto assente, que as mesmas só deverão arrancar se, como disse aquele dirigente, “a associação tiver as costas quentes”.
“O Estado congelou investimentos para a construção de novos quartéis, e obras de ampliação e requalificação”, considerou Ricardo Fernandes, que deu conta do “compromisso” camarário, que pretende financiar o projecto, de forma faseada, em “50% da verba não comparticipada pelo Estado”.
Mas se vier a confirmar-se que a comparticipação é “zero”, o presidente da autarquia vaguense, Rui Cruz, já admitiu poder vir a rever os apoios, com uma verba “superior aos 50 por cento do custo final da obra”, disse Ricardo Fernandes, que anunciou estar previsto que as obras sejam iniciadas em 2010.
“Trata-se de um investimento avultado, e de algum risco”, concretizou aquele dirigente, ao reconhecer que a associação “não nada propriamente em dinheiro”, em virtude de alguns organismos pagarem tardiamente os serviços prestados.
A direcção propõe-se recorrer à banca, para financiar o projecto, tendo sido anunciado que a verba de 500 mil euros pode custar 3.500 euros mensais, por um período de 10-12 anos. Tanto quanto apurámos, está a ser “negociado” o alargamento do prazo, tentando deste modo reduzir o montante a pagar por mês.
Eduardo Jaques