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Anadia // Ancas // Bairrada  

Ancas:Final de mandato marcado marcado pela conclusão de várias obras

Arménio Cerca está de saída da Junta de Freguesia de Ancas. A cumprir o quarto e último mandato, faz um balanço muito positivo destes 16 anos dedicados à vida autárquica, que possibilitaram proporcionar melhor qualidade de vida às populações (casos da construção do pavilhão desportivo, melhoria da rede viária, abertura de um caminho agrícola que liga a freguesia à ZI do Paraimo e saneamento básico). Todavia, não deixa de lamentar os muitos outros melhoramentos que não avançaram por indisponibilidade financeira.
Ancas é uma das mais pequenas freguesias do concelho de Anadia (tem pouco mais de 600 habitantes) e vai ser agregada a Amoreira da Gândara e Paredes do Bairro.
A este respeito, Arménio Cerca, que é o último autarca da freguesia, defende que “a união das freguesias deixa-me tristeza se for para a frente. Tanto eu como todos os autarcas que tudo demos em prol das comunidades, sentimos que as populações ficam a perder, já que esta agregação vai acabar com os serviços de proximidade. Imagine as pessoas mais idosas – nas nossas freguesias não existe uma rede de transportes coletivos – obrigadas a deslocarem-se a Amoreira da Gândara ou a Paredes do Bairro para tratarem de assuntos que até agora eram resolvidos aqui”, diz, lamentando que estes fiquem cada vez mais afastados de quem deles mais precisa. Mesmo assim, diz-se contra boicotes às eleições autárquicas, pois entende que a “população deve votar para poder defender os seus interesses.”
Embora admita que este ciclo na vida autárquica está a terminar, não descarta a possibilidade de poder continuar ligado a projetos desta natureza.

Orçamento e obras. Com um orçamento anual de 50 mil euros, diz que as prioridades para 2013 passam pela conclusão da beneficiação da zona envolvente à Lagoa do Paúl. “Depois de concluída a limpeza e desaçoreamento da Lagoa, queremos avançar com a colocação de bancos e mesas, sanitários e churrasqueira”, diz, dando conta de que também mais árvores vão ser colocadas naquela zona de lazer da freguesia.
Nos próximos meses vai avançar ainda com a colocação de passeios na Rua Firmino Alves Seabra e na Rua da Boiça. Prevista está ainda a recuperação do lavadouro, junto à fonte do Mouchão. “Encontra-se muito danificado, sendo necessário proceder a arranjo do telhado, paredes e pinturas”, sublinha Arménio Cerca, que espera ainda ter tempo para colocar tapete betuminoso na estrada que vai até à fonte do Mouchão, já prometido pela Câmara Municipal.

Perdas irreparáveis. Olhando para trás, admite que, nos últimos anos, a freguesia tem vindo a perder sucessivamente serviços bastante caros à qualidade de vida das populações. São os casos da Farmácia e do Posto Médico.
“Em relação à farmácia, tentámos encontrar uma solução junto do Infarmed que não autorizou a abertura de uma nova farmácia na freguesia. Já o Posto Médico está com as consultas suspensas, alegadamente por falta de pessoal administrativo. É uma enorme falta, porque as pessoas são obrigadas a ir de madrugada a pé ou à boleia (não existe uma rede de transportes públicos) para apanhar vez no Posto de Saúde de Amoreira da Gândara. Era preferível vir um médico e um administrativo do que fazer deslocar os doentes para outra freguesia”, diz, lamentando que com a reestruturação feita na Saúde no concelho, tenha passado a funcionar só à sexta-feira, de manhã. “Hoje, para passagem de um mero receituário continuado os utentes têm de ir à freguesia vizinha, com todos os transtornos que isso acarreta, quando a ARS Centro nunca pagou renda, nem água, nem luz do Posto de Saúde, que tinha instalações razoáveis para atender a população”, conclui.
A terminar, o autarca de Ancas dá conta de que também a falta de um PDM revisto e atual foi outro fator que travou o desenvolvimento da freguesia. “Algumas pessoas tiveram de ir para fora, fazer casa noutros concelhos. Neste momento, com a crise que temos, existe um espaço com 26 lotes disponíveis para construção, mas apenas um foi vendido”, não deixando de destacar que, se este espaço existisse uma década antes, muitos casais teriam aqui investido.

Catarina Cerca