O presidente da Assembleia Municipal, Manuel Nunes, diz não entender como é que o executivo municipal “votou quase de cruz” um parecer solicitado pela Direção Regional de Economia do Centro (DRE), relativamente à alteração do Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística da pedreira de argilas “Barroquinha” em Bustos. Trata-se de um parecer favorável à deposição de inertes numa das maiores pedreiras de Bustos , resultante da extração de argilas ao longo dos anos .
Manuel Nunes defendeu, na última sexta-feira, durante a Assembleia Municipal, que se trata de um assunto que “não pode passar ao lado dos responsáveis políticos, sejam eles de que força política forem”.
Disse ainda não perceber como é que “o parecer foi votado por unanimidade, sem que nenhum dos vereadores tenha ido saber qual é a opinião daqueles que representam o povo”. “Meus amigos, enquanto eleito pelo concelho de Oliveira do Bairro, e com os anos que tenho desta vida autárquica, é algo que nunca mais esqueço”, afirmou o representante máximo do concelho de Oliveira do Bairro, perante um silêncio que se abateu no salão nobre da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.
Reflexão. Manuel Nunes disse ter refletido sobre o assunto antes de fazer a intervenção, sublinhando que, durante estes anos, procurou manter-se estritamente focado nas funções de presidente da Assembleia Municipal, já que “era esta a forma que melhor dignificava o órgão que é a Assembleia Municipal, e que defendia os interesses do nosso concelho”. Mas, “hoje estou muito atento a este ponto que tem a ver com os barreiros que é o assunto que mais conflitualidade e mais revolta desencadeou no nosso concelho”. “Até aceito e até posso compreender que os senhores diretores regionais de economia não conheçam esta realidade vivida pelas gentes do nosso concelho, mas esses senhores diretores não podem nunca ignorar que existem pessoas no concelho de Oliveira do Bairro que defenderão o seu concelho e que sabem defender o que se passa à sua volta, perante alguns interesses legítimos e outros não.”
“Era bom que antes de pedirem pareceres começassem a auscultar o representante máximo no concelho, para que, ciclicamente, não viessem para junto de nós com mais pequenas provocações. Isto para ser moderado”, acrescentou o autarca.
Recordou ainda que “as pessoas das freguesias da Palhaça e de Bustos foram fustigadas de várias formas”. Por isso, “esperam de todos nós, que as representamos, que não sejam de novo fustigados”.
Manuel Nunes sublinhou ainda que no tempo da exploração de argilas, chegaram a circular mais de 600 camiões diários em Bustos. “Os camiões têm que circular, mas agora circular nos mesmos locais é que não é justo”, advertiu.
O presidente da Assembleia Municipal defendeu também que “se for um projeto justo, é bom que haja alguma compensação às populações que foram fustigadas durante 20 anos e que agora vão ser fustigadas a receber inertes”.
“O ótimo é inimigo do bom”. O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, Mário João Oliveira, reconheceu que “foi pedido de facto um parecer à Câmara Municipal de Oliveira do Bairro – órgão eleito para representar todos os munícipes e que tem na sua composição as três forças políticas representadas na Assembleia Municipal – e que o assunto foi apresentado, justificado e votado por unanimidade”.
Sublinhou ainda que “as lagoas estão lá há muitos anos e que nenhum dos projetos foi concluído até hoje”. “A questão do controlo é evidente e exigível. A Câmara Municipal de Oliveira do Bairro tudo fará com maior despesa, ou com menor despesa, com compensações ou sem compensações, para que seja feito controlo daquilo que vier a ser lá colocado”.
“O ótimo por vezes é inimigo do bom e todos queremos o melhor para o nosso concelho e para os nossos munícipes”, afirmou Mário João Oliveira.