Está de regresso o “caciquismo” à política caseira. Utilizado por Mário Martins, candidato “independente” do PS às próximas autárquicas, e também por Pedro Santos, líder da Federação de Aveiro, o termo marcou a apresentação pública do número um da lista socialista.
Para Mário Martins, que em 2009, enquanto candidato pelo Movimento Vagos Primeiro (em 2009), acusou o PSD de “tudo querer manipular e dominar”, sem dar mostras de “saberá ouvir ou saber fazer”, a narrativa é agora bem mais dura.
Muito crítico relativamente às opções do atual executivo, que conduziram ao “estado desastroso a que a autarquia chegou, a vários níveis”, o candidato comprometeu-se a não dar qualquer oportunidade ao “caciquismo reinante” para gerar despesa. Que nada produz, como também não serve o bem estar da população, mas “apenas de alguns”, acrescentou.
O discurso seria retomado pelo líder da Federação, ao considerar que o município de Vagos tem sido governado por um “grupo de caciques”. Que se perpetua no poder, que usa “para controlar e criar dependências”, concretizou, advogando que a população terá de “dizer basta e resgatar esse poder”, lutando, com o apoio do Partido Socialista, por uma nova “visão da sociedade”.
Em relação ao candidato do PSD, entretanto anunciado, Pedro Santos confirmou tratar-se do “responsável pelas finanças”, que disse ser um “fracasso” da atual câmara. “Quem é incapaz de gerir as contas do concelho, não pode, em cima do endividamento, apresentar aos vaguenses o rosto do endividamento”, referiu o presidente da Federação de Aveiro do PS, que alegou continuar sem perceber “onde está o dinheiro” e que obras justificam tal endividamento.
Sem promessas. No decorrer da apresentação, a que se associou a presidente do partido, Maria Belém Roseira, e que reuniu mais de uma centena de militantes e amigos, Mário Martins apontou como meta uma “gestão de verdade”, que não defraude expectativas e dignifique e credibilize o município. Sem ceder à tentação de promessas que não dependam de si (“já chegam as mentiras em que assenta a política dominante”), acabaria no entanto por garantir trabalho, envolvimento, ambição e entusiasmo, por parte da sua equipa.
Considerando que a inovação, criatividade e empreendedorismo continuam a ser, do ponto de vista da sustentabilidade, o “seguro de vida das sociedades”, o candidato comprometeu-se a “dar voz aos cidadãos”, para participarem nas decisões que vierem a ser tomadas.
Das propostas apresentadas pelo candidato, destaque, entre outras, para a implantação de um centro de apoio ao investimento e empreendedorismo e criação da marca/ideia de Vagos. Na vertente turística, prioridade para a dinamização do centro da vila, Quinta do Ega e Folsas Novas, e elaboração de um plano para desenvolvimento do setor aproveitando as potencialidades do mar, ria e floresta.
Natural da freguesia de Santa Catarina, Mário Martins é o principal rosto do projeto, socialista. Engenheiro técnico de eletrotecnia e professor do 3.º ciclo, foi eleito vereador no primeiro mandato de Carlos Bento (1994-1997), onde detinha os pelouros da educação, cultura e desporto. É vereador do “Vagos Primeiro”, sem pelouros distribuídos, no executivo de Rui Cruz, mas já deu público conhecimento que irá renunciar no final deste mês.
Eduardo Jaques
Colaborador