“Os Bombeiros de Oliveira do Bairro apresentam uma situação financeira invejável, contrariamente à esmagadora maioria das associações similares”. Quem o garante é Rui Rocha, que geriu a associação nos últimos seis anos. O seu mandato terminou na sexta-feira.
Que balanço faz destes seis anos que esteve à frente da direção dos bombeiros?
Foram seis anos de trabalho árduo, trata-se de uma associação que movimenta, anualmente, perto de um milhão de euros, tem vinte e seis assalariados, várias dezenas de viaturas, algumas delas diariamente na rua. É uma “empresa” de dimensão considerável.
A principal fonte de receita da associação são os serviços prestados, especialmente aqueles que são faturados a ARSC. Nesse campo, optámos, logo no início do nosso primeiro mandato, por apostar em modernizar as viaturas afetas ao transporte de doentes. Temos hoje a frota completamente de acordo com a legislação vigente e que em 2009 se tornou bastante exigente. Conseguimos duplicar a faturação, apesar de todos os cortes do atual governo. Fizemos uma aproximação bastante grande às empresas, estabelecendo-se protocolos proveitosos com algumas delas.
Conseguimos coisas importantes, como a instalação do Posto de Emergência Médica (INEM), modernizamos todo o sistema informático, legalizamos o novo quartel, descentralizamos as comemorações dos aniversários por todas as freguesias, contratamos um gestor para que a contabilidade passasse a ser efetuada de acordo com legalmente exigido, adquirimos diversas viaturas de transporte de doentes e ambulâncias de 1.ª linha de socorro. Adquirimos ainda a viatura de desencarceramento (custo aproximado de 200 mil euros), fomos pioneiros na aquisição de desfibrilhadores automáticos de suporte de vida para as ambulâncias de 1.ª linha e, sobretudo, apostamos forte na formação dos nossos operacionais.
Não conseguimos concluir a legalização de uns terrenos adquiridos nas traseiras do atual quartel e colocar a funcionar o posto de enfermagem, que está em fase adiantada, o que poderá vir a ser uma importante fonte de receita para a associação.
Como encontrou economicamente a Associação e como a deixa?
Quando tomamos posse para o primeiro mandato, implementamos uma série de medidas, na altura pouco populares e às quais o corpo ativo e mesmo os funcionários administrativos tiveram alguma dificuldade em se adaptarem. As pessoas com mais resistência à implantação dessas medidas, foram aquelas que, no final do nosso primeiro mandato, me pediram para ficar pelo menos mais um mandato de forma a poder solidificar o rumo traçado. São também aquelas que agora me voltaram a pedir para me recandidatar. Foram essas medidas de contenção ou racionalização de meios que permitiram que a associação, neste momento, apresente uma invejável situação financeira, contrariamente à esmagadora maioria das associações similares. Podíamos ter feito outros investimentos nesta fase final, nomeadamente na aquisição de algumas viaturas, mas optamos por não o fazer, em virtude de não ser nesta altura prioritário, uma vez que entendemos que as viaturas atuais são em número suficiente e encontram-se em boas condições. Fica o dinheiro em caixa para alguma eventualidade, sem megalomanias, de forma a salvaguardar o futuro financeiro.
Foi difícil encontrar uma nova direção?
Sabíamos que o Engº Nunes Cardoso tinha terminado uma etapa da sua vida, pelo que teria alguma disponibilidade e por outro lado sempre foi uma pessoa que sempre acompanhou a vida da associação, comparecendo regularmente nas assembleias gerais. Contactámo-lo, demos-lhe conta da situação da associação e, depois de refletir, aceitou o convite. A partir daí foi ele que arranjou as pessoas da sua confiança para o acompanhar. Estamos perante uma pessoa extremamente competente, dinâmica e que já esteve ligada à associação por muitos anos. A continuidade do nosso trabalho está assegurado, até porque as suas preocupações também foram as nossas, nomeadamente a estabilidade financeira, a formação e a aproximação à população. O futuro está garantido.
As entidades estiveram sempre ao vosso lado?
Dentro das possibilidades e de um modo geral as entidades oficiais, nomeadamente Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, as outras associações, as empresas e a população, sempre nos apoiaram e estiveram do nosso lado, pelo que aproveito a oportunidade para deixar a todos um agradecimento publico.
As juntas de freguesia foram incansáveis no apoio que nos deram na organização dos aniversários, quando decidimos levar as comemorações às diversas localidades. Terminamos este ano, no próximo dia 14, com as comemorações na Mamarosa. A população em geral fica convidada para se associar ao evento.
Quais as grandes dificuldades com que a Associação se depara?
Neste momento, a maior dificuldade da associação é angariar voluntários para servir tão nobre causa que é ser bombeiro voluntário. Trata-se de uma atividade difícil, mas aliciante. Por isso, lanço o desafio à juventude, alistem-se e venham servir como voluntários. Também nesse sentido lançámos uma escola de infantes, que no futuro deverá dar os seus frutos.
Estes seis anos foram uma experiência positiva?
Efetivamente foi uma experiência muito positiva e gratificante. Deixo um repto a todos os associados: não tenham medo de acompanhar a vida da associação, compareçam nas assembleias gerais e aqueles que tiverem disponibilidade para integrar os órgãos sociais, em futuros atos eleitorais, façam-no, pois é gratificante.