Nascido no seio de uma família há várias décadas ligada ao vinho no concelho de Oliveira do Bairro, decidiu, juntamente com a esposa, em 2009, abraçar um projeto ligado à criação de vinhos, designado por Carvalheira Criadores de Vinhos.
O peso da tradição familiar, aliado aos cerca de três hectares e meio de vinha que a família possui naquele concelho bairradino levou-o a lançar-se, de cabeça, nesta aventura que está a ter grande sucesso e a revelar-se uma aposta vencedora.
Engenheiro agrícola de formação e responsável pelo departamento de enologia da Estação Vitivinícola da Bairrada, para além de ser enólogo consultor de algumas das mais prestigiadas empresas do setor vitivinícola da região, José Carvalheira confessa que está nesta aventura por “paixão pelos vinhos”.
Projeto de sucesso. “Este projeto tem por base essa tradição familiar, mas com um conceito distinto: fazer vinhos com uma imagem muito cuidada, num patamar qualitativo muito elevado e exigente, logo em pequeníssimas quantidades”. Por isso, a produção anual ronda não mais do que 5 mil garrafas no que se refere aos vinhos tranquilos (2.500 de tinto e 1.500 de branco). Estes vinhos tranquilos, apelidados de Aequinoctium, ambos Grande Reserva, são verdadeiras obras de arte, fruto de um trabalho muito cuidado que colocam estes vinhos numa categoria de Ultra Premium (gama alta), mas igualmente raros pela quantidade de garrafas lançadas para o mercado. Vinhos com um estágio muito elevado, no caso do tinto sempre superior a 15 meses de estágio em barrica de carvalho francês, e o branco com nove meses de estágio.
Após a primeira colheita em 2009, José Carvalheira fará, hoje, dia 30 de maio, pelas 19h30, a apresentação das novas colheitas destes vinhos tranquilos durante um jantar degustação que decorrerá no restaurante da Escola de Viticultura e Enologia da Bairrada, em Anadia, onde lecionou durante vários anos.
Na ocasião, o produtor vai ainda apresentar publicamente as suas mais recentes pérolas: três espumantes e um vinho colheita tardia.
Por isso, José Carvalheira faz um balanço altamente positivo desta experiência, já que a recetividade do consumidor e da crítica especializada tem sido francamente animadora, ao atribuir notas bem altas aos vinhos, colocando-os entre os melhores. Por outro lado, a nova crítica feita por bloguers atentos a estes novos produtos, comentados nas redes sociais, são também uma forma de divulgação e promoção que está a ter resultados surpreendentes.
Daí que o produtor defenda e acredite que a Bairrada tem tudo para dar cartas neste patamar qualitativo no panorama nacional. “É uma região com a particularidade de ter um grande potencial de envelhecimento”, adianta: “com uma área de vinha cada vez menor e custos de produção elevadíssimos, a região só será competitiva em patamares de qualidade mais altos, apostando em produtos de diferenciação, saindo da massificação”, conclui.
Novos produtos. A entrada na produção de espumantes está intimamente ligada ao projeto e parte do conceito de criar dois espumantes brancos de perfis contrastantes, mas também um espumante feito com castas tintas e um colheita tardia. “A produção de espumantes, quando estiver em velocidade de cruzeiro, atingirá as 15 mil garrafas”, diz José Carvalheira, revelando que este é um produto com muita margem de crescimento e aquele onde irá realmente fazer uma grande aposta.
Ao JB revelou ainda algumas curiosidades que demonstram o cuidado com a imagem dos vinhos. Cada um deles tem nos rótulos estilizado o símbolo de um signo do zodíaco que vigorava no calendário na altura da vindima (vinhos tranquilos). No tinto, o signo patente no rótulo é o de Balança e, no branco, o de Virgem.
Já os espumantes de marca Hibernus (Inverno) corresponde ao momento em que se fez a tiragem, ou seja, o rótulo faz referência à estação do ano que vigorava na altura da tiragem, sendo o símbolo do zodíaco Peixes.
Fungus
É o primeiro vinho colheita tardia do produtor. Nasce tendo por base a casta Maria Gomes e foi batizado de Fungus, uma vez que na origem da podridão nobre que dá origem a este vinho está o fungo Botrytis que “ataca” os bagos de uma pequena parcela junto a um ribeiro. Predominam as notas de creme brulee, marmelada, casca de laranja confitada e o alperce seco. Foram engarrafadas mil garrafas e o vinho combina na perfeição com foie gras ou sobremesas. Preço recomendado: 12 euros.
Ante Aequinoctium Veranum 2011 Grande Reserva
Este extraordinário vinho branco foi vinificado com maceração prolongada, estagiou nove meses em barrica de carvalho francês. Elaborado a partir das castas Arinto, Bical e Chardonnay, em percentagens iguais, é excelente para acompanhar pratos de peixe, marisco mas também carne, por ser um branco bastante estruturado e fresco. Preço recomendado: 19 euros.
Aequinoctium Autumnus 2010 Grande Reserva
Vinho tinto elaborado com as castas Baga (45%), Touriga Nacional (35%) e Syrah (20%), com estágio muito elevado, entre 15 e 20 meses em barrica de carvalho francês. Trata-se de um tinto poderoso, opulento, com enorme capacidade de envelhecimento. Preço recomendado: 20 euros. garrafeiras de renome, desde o Porto ao Algarve.
Hibernus Premier Vintage 2012 Brut
Ótimo para acompanhar entradas e sobremesas, este extraordinário espumante foi feito com as castas Bical, Maria Gomes, Arinto, Baga e Chardonnay. É o primeiro da gama dos espumantes, e o primeiro a ser lançado no mercado em cada colheita, por ser muito jovem, com um estágio de apenas seis meses. Intenso pela sua juventude. Notas florais e bastante frutado. Um espumante fácil de se gostar. Espumante com IGP Beira Atlântico. Preço recomendado: 10,80 euros.
Hibernus Grande Cuvée Vintage 2010 Brut Nature
O vinho base deste espumante foi parcialmente fermentado em barrica de carvalho francês e amadurecido dois anos e meio em garrafa. Uma seleção de castas Arinto, Baga e Chardonnay. Um bruto natural sem adição de açúcar. Amanteigado, notas de madeira, biscoito de manteiga, casca e flor de citrinos.
Preço recomendado: 17 euros.
Hibernus Cuvée de Noirs Vintage 2011 Brut Nature
Feito com base exclusivamente em uvas tintas (baga 55% e touriga nacional 45%) mas de cor muito pálida, ligeiramente salmonado. Muito elegante do ponto de vista aromático, notas de frutos frescos, groselhas e framboesas, mistura de notas amanteigadas com tosta, conferidas pelos 15 meses de envelhecimento. Preço recomendado: 16,50 euros.
Catarina Cerca
catarina@jb.pt